Edward Allan Clarke, mais conhecido por “Fast” Eddie Clarke, morreu esta quarta-feira, aos 67 anos. O guitarrista estava internado num hospital, onde estava a receber tratamento por causa de uma pneumonia. Clarke era o último membro vivo da formação clássica da mítica banda de heavy metal Motörhead.
A notícia, que começou por ser avançada por Ted Carroll, fundador da editora de música independente Chiswick Records, foi mais tarde confirmada na página de Facebook oficial do grupo. “Estamos devastados por transmitir as notícias que acabámos de ouvir ao início desta noite… Edward Allan Clarke — ou como todos o conhecemos e adoramos, ‘Fast’ Eddie Clarke — morreu ontem pacificamente”, refere o post dos Motörhead.
O fim de uma era
A morte de “Fast” Eddie Clarke parece ter apanhado de surpresa os restantes membros da banda. O guitarrista Phil Campbell, que entrou para a banda em 1984, admitiu estar “chocado” com as notícias. “Ele vai ser lembrado pelos seus riffs icónicos e por ter sido um verdadeiro rock n roller”, referiu, citado na página oficial dos Motörhead no Facebook.
No mesmo post, Mikkey Dee, baterista da banda desde 1992, confessou que tinha visto Clarke há não muito tempo e que parecia estar em forma. “Por isso, isto é um verdadeiro choque”, admitiu, acrescentando que “estava ansioso por vê-lo no Reino Unido este verão”, quando por lá passasse “com os Scorpions” (Dee entrou para a banda alemã em 2016, depois da morte de Lemmy). “Agora, o Lem[mmy] e o Philphy [Animal Taylor] podem tocar com o Eddie outra vez. Se prestarem atenção, de certeza que vão conseguir ouvi-los!”
RIP FAST EDDIE CLARKE 5th October 1950 – 10th January 2018
"OH MY FUCKING GOD, THIS IS TERRIBLE NEWS, THE LAST OF THE THREE AMIGOS IS GONE", Mikkey
Full statement here: https://t.co/9wrmdpmUJr
— Mikkey Dee (@themikkeydee) January 11, 2018
Nas redes sociais, as reações vão-se multiplicando-se. A banda de heavy metal britânica Saxon, formada apenas dois anos depois dos Motörhead, escreveu no Twitter: “Acabámos de saber que o nosso grande amigo ‘Fast’ Eddie Clarke morreu. Os nossos pensamentos vão para a sua família e aqueles de quem ele gostava. Vai fazer muita falta, mas foi juntar-se ao Phil e ao Lemmy. Temos ótimas memórias dos tempos que passámos com ele”.
A vocalista alemã Doro Pesch afirmou que “perdemos mais um dos grandes”, enquanto a jornalista musical Kim Kelly descreveu o momento como “verdadeiramente o fim de uma era”. “Esta noite vai haver uma grande reunião a abanar o Grande Palco do céu”, afirmou no Twitter.
We've just heard our good friend Fast Eddie Clarke has died.
Our thoughts go out to his loved ones and family. He will be greatly missed, but he's gone to join Phil and Lemmy. We have great memories of our times with him.RIP Eddie
Saxon pic.twitter.com/ABhaU5mOYk
— Saxon (@SaxonOfficial) January 11, 2018
Edward Allan Clarke nasceu a 5 de outubro de 1950, em Twickenham, em Londres. Começou a tocar guitarra muito cedo e aos 15 anos já fazia parte de várias bandas locais. Depois de uma passagem pelos Zeus, uma banda de rock progressivo, entrou para os Motörhead, fundados em 1975 depois de o baixista e vocalista Ian “Lemmy” Kilmister ter saído da banda de rock psicadélico Hawkwind.
Além de Lemmy, faziam parte da formação original o guitarrista Larry Wallis e o baterista Lucas Fox. Contudo, foi já com “Fast” Eddie Clarke na guitarra e Phil “Animal” Taylor na bateria que os britânicos ficaram conhecidos, depois do lançamento do primeiro disco de originais, o homónimo Motörhead. Foi este trio que produziu alguns dos álbuns mais icónicos da banda, como Overkill (1979) ou Ace of Spades (1980).
Clake fez parte do grupo britânico até 1982, altura em que foi substituído pelo guitarrista Brian Robertson, dos Thin Lizzy. Pouco tempo depois, fundou com o ex-baixista dos UFO, Pete Way, a banda Fastway, com a qual lançou sete álbuns. Durante esses anos, fez apenas duas aparições com os Motörhead — uma em 2000, por altura do 25º aniversário do grupo, e outra em 2014, refere a Blitz.
Da chamada formação clássica, apenas “Fast” Eddie Clarke continuava vivo. “Animal” Taylor morreu a 11 de novembro de 2015 e Lemmy pouco mais de um mês depois, a 28 de dezembro, provando que, afinal, as lendas do rock também morrem.