As exigências de capital na banca vão manter-se ou, mais provável, até aumentar, afirmou o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos. Paulo Macedo destaca a continuação da baixa rentabilidade do negócio bancário, num contexto de taxas de juro baixas, e crescentes exigências de regulação. A banca, conclui, ainda “não gera rentabilidade para pagar o custo de capital”.
Paulo Macedo falava na abertura de uma conferência promovida pela Caixa, “A crise financeira e a economia portuguesa: Aprendemos as Lições”, que se realiza esta terça-feira na Culturgest.
A subida dos níveis de capital nos bancos portugueses no último ano — Caixa, BCP, Novo Banco — é uma boa notícia, mas constitui um fator que ainda pressiona mais a rentabilidade de capital investido, avisa. Para Paulo Macedo estas questões, ainda que não estruturais, são as noticias menos boas para o setor bancário. As declarações surgem a poucos dias de começarem a ser conhecidos os resultados anuais dos principais bancos nacionais — o BPI foi o primeiro.
Na sua intervenção, o presidente executivo da CGD destacou ainda o aumento do escrutínio da supervisão sobre o gestão do risco e o maior rigor na escolha dos administradores.
Num debate que tem como ponto de partida a análise de duas perspetivas sobre a crise bancária em Portugal — uma de Tiago Cardão-Pinto e outra de João César das Neves — Paulo Macedo aponta os problemas de governance (governo das empresas), como estando na origem dos casos de falência de bancos em Portugal. Nas duas perspetivas são referidas as relações entre os gestores bancários e os políticos.
Macedo lembra a propósito uma frase do antigo responsável de missão do Fundo Monetário Internacional para Portugal, Subir Lall, sobre os bancos portugueses. Os bancos não se focam no lucro, a atividade bancária parece estar mais assente em relações.