Desenvolver projetos de investigação e aceder a um banco de currículos de diplomados da Universidade do Porto são duas das medidas previstas num protocolo de empregabilidade assinado esta quinta-feira no Porto entre aquela universidade e mais de 50 autarquias.

“Os protocolos que nós assinámos prevêem que sejam desenvolvidos projetos de investigação e inovação em conjunto com as empresas dos municípios parceiros”, disse o reitor da Universidade do Porto (U.Porto), Sebastião Feyo de Azevedo, considerando que a medida vai contribuir para a transferência de conhecimento para as empresas com efeitos possíveis ao nível do potencial humano, competitividade, emprego e internacionalização dessas empresas.

Para além da realização de projetos de investigação e inovação conjuntos, o protocolo assinado esta quinta-feira na Reitoria da U.Porto prevê que as câmaras e as empresas desses municípios tenham acesso a “um banco de currículos de diplomados da universidade com ofertas de competências nas mais diversas áreas de interesse para as autarquias”, explicou o reitor, observando que esse acesso seria sempre feito “dentro das regras apertadas da proteção de dados”

O objetivo das empresas dos municípios parceiros é que possam identificar “os perfis profissionais de que necessitam para que a universidade possa recomendar estudantes e graduados às competências desejadas”, onde em certos casos até se pode promover o regresso de jovens qualificados às suas terras, acrescentou Sebastião Feyo de Azevedo.

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“A colaboração com as autarquias do interior pode, de facto, favorecer essa empregabilidade dos estudantes da universidade e em paralelo promover a sua fixação nas respetivas terras natais. Estamos assim a fazer um esforço para contribuir para a retenção de talento em concelhos menos povoados e consequentemente para o equilíbrio territorial do país”, observou, referindo que a “relação sinérgica” é fundamental para a competitividade das empresas e consequentemente para a sua capacitação na criação de emprego, em particular de emprego qualificado.

A presidente da Câmara Municipal de Castanheira de Pera, Alda Correia de Carvalho, nomeada de porta-voz dos mais de 50 municípios de Norte a Sul de Portugal que validaram o protocolo, disse que era urgente tomar medidas para travar a desertificação da sua região e de outras do interior de Portugal.

“Este diálogo que hoje [quinta-feira] aqui estabelecemos e a parceria que lhe é inerente é o primeiro de muitos passos que queremos dar na senda de colmatar algumas assimetrias existentes entre interior e litoral”, declarou a autarca, recordando a “tragédia que se abateu na região a 17 de junho de 2017”, onde referiu que “para além de perda de vidas a tragédia colocou a nu a fragilidade do território”.

A tragédia a que a autarca se referiu foi o incêndio florestal que deflagrou no concelho de Pedrógão Grande (Leira) no ano passado e que fez 66 mortos e 253 feridos, destruiu meio milhar de casas e quase 50 empresas e devastou cerca de 53 mil hectares de território, sobretudo dos municípios de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, no distrito de Leiria, de Góis, Penela e Pampilhosa da Serra (Coimbra) e da Sertã (Castelo Branco), mas também de Alvaiázere e Ansião (Leiria), de Arganil (Coimbra) e de Oleiros (Castelo Branco).

As dificuldades e assimetrias que ali existem obrigam à região que renasça, sustentou a presidente da Câmara de Castanheira de Pera, identificando que o protocolo assinado com a U.Porto é “um pequeno grande passo” para esse objetivo.

“Teremos de renascer (…), este pequeno grande passo abre-nos uma janela de possibilidades infinitas de êxito. Se por um lado permite, desde logo, às autarquias receber através da universidade um conjunto de diplomados (…), ao mesmo tempo vai suprir as necessidades locais de capital humano, assim como vai permitir aos jovens acesso ao mundo do trabalho”, disse Alda Correia de Carvalho.

“Esta relação sinérgica é fundamental para a competitividade das empresas e consequentemente para a sua capacitação na criação de emprego, em particular de emprego qualificado”, acrescentou ainda o reitor da U.Porto.

O responsável considerou que as autarquias “são fundamentais para a progressão de empregabilidade, porque conhecem bem as realidades locais do emprego, sabem identificar as necessidades do capital humano nos respetivos distritos empresariais, dispõem de recursos para promover a integração profissional de diplomados e têm capacidade para divulgar oportunidades e estágios, formação e empreendedorismo”.

A U.Porto assinou também protocolos com as universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vigo, Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto, e com as Câmaras de Comércio e Indústria Luso-Alemã e Luso-Brasileira.