Uma patrulha de militares portugueses foi atacada este sábado num bairro da cidade de Bangui, na República Centro Africana. A força, ao serviço das Nações Unidas, “foi flagelada com tiros de armas ligeiras por elementos de um grupo armado” num bairro residencial de “influência muçulmana”, refere ao Observador fonte militar. Nenhum militar ficou ferido.
Os atacantes tentaram bloquear a força composta por militares portugueses. Quando a coluna de capacetes azuis passava por um bairro residencial, os atacantes usaram carros para impedir a passagem e abriram fogo sobre a força nacional.
Desde finais de 2017, quando a violência no país voltou a ganhar expressão, foi primeira vez que houve ataque” a militares das Nações Unidas, sublinha fonte militar ao Observador. Não ficou clara a motivação do grupo armado para concretizar um ataque à missão de paz no país.
Um comunicado do Estado-Maior-General das Forças Armadas que descreve o episódio refere que o grupo armado “utilizou a população civil (mulheres e crianças) como escudos humanos para se protegerem” da resposta dos militares portugueses que foram alvo do ataque inicial. Essa tática dificultou a resposta da força da ONU.
Soldado português ferido a tiro na República Centro-Africana
Aliás, a troca de tiros prolongou-se durante cerca de quatro horas. O ataque começou às 19h10 e só por volta das 23h o grupo conseguiu obrigar os atacantes a dispersar. Uma das razões para o arrastar da situação teve que ver com a presença de civis entre os elementos do grupo armado, o que obrigou os militares da ONU a garantir que estava “esclarecida a situação” antes de abrir “fogo controlo” em direção a “alvos bem definidos“.
Assim que se aperceberam de que iam ser alvo de um ataque, os militares que integravam a coluna pediram reforços. “Foram de imediato enviados para o local elementos portugueses que estavam constituídos como força de reacção rápida”, composta por militares pára-quedistas, “para auxiliar a força atacada”, refere o comunicado do EMGFA.
Essa resposta levou a uma “desorganização das posições de tiro” dos atacantes e à “fuga dos elementos do grupo armado” sem que resultassem quaisquer feridos quer do lado dos militares da ONU quer do lado dos atacantes. Apesar de ter sido alvo do ataque, a patrulha portuguesa seguiu em missão “até à hora prevista”, cerca das 23h de sábado.