O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, vai atravessar a fronteira com a Coreia do Sul na sexta-feira, naquele que será um marco histórico, já que vai ser a primeira vez que acontece desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953.

Num anúncio feito recentemente, e de acordo com a BBC, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, vai encontrar-se pessoalmente com Kim Jong-un às 9h30 (00h30 hora de Lisboa). Kim será acompanhado por uma delegação de nove funcionários — entre os quais se encontra a irmã, Kim Yo-jong, que liderou a delegação do Norte nos Jogos Olímpicos de Inverno.

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As conversações entre os líderes vão então centrar-se na possibilidade de a Coreia do Norte abandonar as armas nucleares, apesar de Seul afirmar que “será” uma negociação “difícil”.

A parte difícil é até que nível os dois líderes vão conseguir chegar a acordo relativamente à disposição para a desnuclearização”, afirmou o porta-voz do presidente sul-coreano, Im Jong-seok.

Para além das ambições nucleares, espera-se que os líderes discutam o caminho para a paz, de forma a encerrar oficialmente a Guerra da Coreia, e questões sociais e económicas. A reunião entre Kim Jong-un e Moon Jae-in resulta da diminuição das tensões entre os dois países nos últimos tempos e abre caminho para um possível encontro entre Kim e Donald Trump.

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Os líderes serão escoltados por guardas sul-coreanos até uma praça em Panmunjeom — um complexo na zona desmilitarizada entre os dois países — para a cerimónia de boas-vindas e as conversações iniciam-se depois às 10h30 (1h30 em Lisboa), na Peace House. Após o primeiro bloco de conversações, os líderes fazem uma pausa para almoço — Kim Jong-un e Moon Jae-in almoçam separadamente, com o líder norte-coreano a atravessar a fronteira novamente.

Depois de almoço, os dois líderes vão plantar um pinheiro com terra e água de ambos os países, como forma de simbolizar “paz e prosperidade” e, antes da próxima ronda de conversações, caminham juntos na praça em Panmunjeom. Segundo a BBC, antes de Kim regressar à Coreia do Sul vai assistir a um vídeo, com o presidente sul-coreano, chamado “Spring of One” e terá direito a um banquete.

A Coreia do Sul enviará sete autoridades, incluindo os ministros da Defesa, das Relações Exteriores e da Unificação. O porta-voz do líder sul-coreano afirma que “a Coreia do Norte está a enviar os seus principais oficiais militares porque, tal como a Coreia do Sul, também acredita que a desnuclearização e a paz são importantes”.

Os dois países aproximaram-se nos últimos meses, principalmente depois de Kim ter dito que estava aberto o diálogo com a Coreia do Sul, em janeiro. No mês seguinte, vimos os dois países marcharem nos Jogos de Inverno na Coreia do Sul e agora, a cimeira marca o ponto alto da diminuição das tensões entre os dois países. Desde o início dos anos 50, os líderes de Seul e Pyongyang reuniram-se apenas duas vezes, tendo a última vez sido em 2007, mas uma movimentação como esta — do líder norte-coreano a deslocar-se à Coreia do Sul — nunca tinha acontecido, uma vez que as cimeiras se realizaram sempre em Pyongyang.

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