Os indícios que existem sobre corrupção desportiva em 6 jogos da I Liga que envolvem o Sporting ainda não foram validados. Ao que o Observador apurou, o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto e a Polícia Judiciária (PJ) do Porto não encaram as mensagens de texto e de voz de WhatsApp, uma aplicação informática que encripta as mensagens que lhe foram transmitidas pelo denunciante e empresário Paulo Silva, como uma prova definitiva da existência do crime de corrupção nos jogos em que o Sporting participou na I Liga. São apenas indícios que terão de ser validados e cruzados com outras provas que venham a ser recolhidas durante as buscas que foram realizadas durante esta quarta-feira por mais de 50 elementos da PJ.

Algumas das mensagens que têm sido transmitidas pela SIC e pela Correio da Manhã TV, e no que ao futebol diz respeito, indiciam alegada tentativa de corrupção, nomeadamente no caso de João Aurélio, jogador do Vitória Guimarães. Recorde-se que o crime de corrupção consuma-se apenas pela tentativa. Ou seja, não é necessário que o alegado ato de favorecimento tenha sido executado. Basta a tentativa para ser imputado o crime de corrupção desportiva. Mas ainda falta cruzar esses indícios com outros elementos.

No caso do andebol é diferente. Os indícios de corrupção relativos a jogos do Campeonato Nacional de Andebol com o objetivo de favorecer o Sporting (o clube vencedor da competição) são encarados pelos investigadores como sendo mais robustas. Tudo porque o DIAP e a PJ do Porto receberam em março os indícios de corrupção contidos nas mensagens de WhatsApp trocadas entre o denunciante Paulo Silva e o intermediário João Gonçalves — e entre este e Gonçalo Rodrigues, funcionário do Gabinete de Apoio ao Atleta e Modalidades Profissionais e André Geraldes (team manager do futebol profissional leonino e braço-direito do presidente Bruno de Carvalho) — tendo, desde então, cruzado esses dados com a recolha de prova indiciária relativa a contas bancárias e dados fiscais dos quatro suspeitos, assim como recolheu igual informação dos suspeitos de corrupção passiva, nomeadamente árbitros dos jogos de andebol envolvidos.

O mesmo ainda não aconteceu com as suspeitas sobre os jogos do futebol porque a investigação acabou por ser surpreendida pelas notícias do Correio de Manhã desta terça-feira que relatavam a essência da denúncia que tinha sido feito por Paulo Silva em março.

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Por isso mesmo, a Operação Cashball acabou por ser precipitada por essas notícias e saiu esta para manhã para a rua, tendo sido realizadas, segundo o comunicado da Procuradoria-Geral Distrital do Porto, buscas domiciliárias aos quatro arguidos do caso: Paulo Silva, Paulo Gonçalves, Gonçalo Rodrigues e a André Geraldes. No Estádio José de Alvalade, os inspetores da PJ do Porto recolheram informação documental nos postos de trabalho e espaços utilizados por André Geraldes e Gonçalo Rodrigues.

Ao que o Observador apurou, nas buscas domiciliárias realizadas a André Geraldes, os inspetores teriam uma morada desatualizada do dirigente leonino por Geraldes ter mudado recentemente de casa.

Os quatro suspeitos foram constituídos arguidos por suspeitas da alegada prática do crime de corrupção desportiva antes das realização das buscas, tendo sido igualmente detidos. Os arguidos só deverão ser ouvidos esta quinta-feira, dia 17 de maio, no Tribunal de Instrução Criminal do Porto. Após a promoção do DIAP do Porto, o juiz de instrução criminal titular dos autos deverá fixar as medidas de coação a aplicar aos arguidos.