Em dezembro do ano passado, um artigo do The New York Times sugeria que mais de mil pessoas morreram em Porto Rico na sequência do furacão Maria, que passou em setembro último. O balanço oficial era (e ainda é) de 64. A discrepância aumentou consideravelmente esta terça-feira, depois de um artigo do The Guardian assinalar que, afinal, terão morrido cerca de 4.600 pessoas.

O jornal britânico cita um estudo publicado no New England Journal of Medicine, que dá conta da existência de 4.600 “mortes em excesso”, ocorridas após a tempestade, devido a falhas nas infraestruturas médicas e noutras infraestruturas consideradas “fundamentais”.

Os investigadores responsáveis por este estudo entendem que existe uma probabilidade bastante elevada (95%) de que o número real de mortos esteja entre os 800 e os 8.500. Isto é, os investigadores admitem que a avaliação que fizeram poderá estar subestimada, devido a problemas de comunicação que persistem no rescaldo da tempestade.

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A diferença assinalável entre o número sugerido pelo estudo e o número oficial está relacionada com a metodologia. Enquanto o governo daquele país tem em conta as mortes diretamente relacionadas com o furacão, confirmadas pelo Instituto de Ciências Forenses, o novo relatório considera as perdas de vida derivadas do “desastre humanitário prolongado” — o furacão de setembro danificou estradas e cabos elétricos que ainda estão por reparar. O The Guardian dá ainda conta da falta de comida e dos poucos acessos a água potável em muitas zonas.

Número de mortes em Porto Rico provocadas pelo furacão Maria pode ascender a mil

Estes novos dados surgem meses depois de descobertas semelhantes feitas pelo Centro de Jornalismo de Investigação de Porto Rico, que estimou a ocorrência de mais 1.065 óbitos em setembro e outubro, após a passagem do furacão Maria.