Era um jovem com um futuro promissor: atleta talentoso, aluno dotado e muito sociável. Até que surgiu o vício dos jogos de computador e já nem sequer sai de casa. A mãe, Kendal Parmar, anda há três anos a tentar que seja diagnosticado com este vício e tratado no Serviço Nacional de Saúde britânico, noticia o jornal The Telegraph.

“Sabia que era viciante [no início] quando ele estava online em vez de estar a fazer os trabalhos de casa”, contou a mãe. “Ele tem grandes companheiros [noutros jogadores online] e diverte-se nestes mundos virtuais e reinos que não existem, mas não é real.” A mãe lamenta que, para o filho, estes mundos online se tenham tornado tão reais que já não sabe viver sem eles e não consegue enfrentar o mundo real. Há um ano que não sai de casa.

Kendal Parmar tem cinco filhos e nunca pensou que o mais sociável de todos fosse aquele que ficasse viciado em alguma coisa. Mas o filho não é caso único entre os jovens. Um estudo, citado pelo The Telegraph, refere que 4% dos adolescentes estão em risco de ficarem viciados na Internet. Um especialista britânico em problemas de adição, citado pelo Daily Mail, diz que recebe uma carta por semana de pais desesperados que não sabem o que fazer com os filhos que ficaram viciados nos jogos.

Os mitos educativos que estão a deixar as crianças viciadas em tecnologia

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As empresas que disponibilizam as redes sociais e os jogos online deviam ter o dever estatutário de proteger as crianças da possibilidade de terem a saúde mental comprometida, dos abusos e dos comportamentos viciantes, defende um grupo de especialistas britânicos na área. Os dados recolhidos por associações de solidariedade social, académicos e médicos encontraram uma ligação entre o uso das redes sociais e jogos online a prejuízos sérios e duradouros, na saúde das crianças, que se desenvolvem gradualmente ao longo do tempo e que muitas vezes passam despercebidos de pais e professores.

Richard Graham, especialista nesta área, diz que os efeitos mais comuns do vício na Internet incluem isolamento social, conflitos com os pais e problemas psicológicos mais complexos. Mas pode incluir outros problemas, como um jovem que foi hospitalizado, desidratado, por ter passado 24 horas a jogar sem beber líquidos. Ou casos de jovens que se sentem como se estivessem numa ressaca de desintoxicação quando não têm Wi-Fi disponível.

A Organização Mundial de Saúde classificou recentemente o vício em jogos como uma doença mental. O jornal The Telegraph lançou, esta segunda-feira, a campanha “Dever de Cuidar” (“Duty of Care” Campaign) com o objetivo de incentivar as empresas digitais a criarem medidas de proteção das crianças que usam os seus serviços.