Madrid tem em circulação, desde Março passado, três dos primeiros carros autónomos que já rodam em condições reais de trânsito e que se integram no consórcio europeu Autocits, liderado pela Indra Sistemas SA. Portugal faz parte desta iniciativa e, à semelhança do que sucedeu na capital espanhola, os testes vão recorrer a versões adaptadas do eléctrico Mitsubishi i-Miev. Também cá, tal como lá, a bordo do carro irão seguir duas pessoas, mas nenhuma delas vai assumir o volante durante os testes.
Segundo nos revelou Pedro Serra, do Instituto Pedro Nunes (IPN), uma das muitas entidades que estão envolvidas neste estudo em território nacional (ver infobox), está previsto que os testes arranquem em Outubro, numa data ainda a fechar.
Autocits em Portugal
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São parceiros deste projeto em Portugal a Universidade de Coimbra, o Instituto Pedro Nunes e a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária. Mas os testes também irão envolver a Brisa, A-to-Be, Universidade de Aveiro e uma série de outras empresas/entidades, como é o caso da Bosch.
Certo é que contemplarão dois tipos de percurso: em auto-estrada, num troço de 7 km da A9/CREL, ao longo da qual irão ser montados seis sistemas para a comunicação entre veículos e infra-estrutura, e também em ambiente urbano, decorrendo neste momento negociações com a Câmara Municipal de Lisboa, no sentido de definir o perímetro onde irão circular dois shuttles autónomos concebidos pelo IPN – a quem cabe, também, coordenar este projecto-piloto em Portugal.
A intenção passa por efectuar os testes nestes dois cenários distintos, em simultâneo, estando previsto que as provas se estendam durante duas semanas. Por enquanto, as previsões apontam para um total de seis veículos envolvidos – uns autónomos, outros instrumentados, ou seja, capazes de comunicar com a infra-estrutura (receber e enviar informação) ou com algum tipo de sensorização.
Os Mitsubishi autónomos, provenientes do Instituto Universitário de Investigação do Automóvel da Universidade Politécnica de Madrid, estarão dotados com um nível de automação 3 ou 4, até porque o enquadramento legal português ainda não permite a condução autónoma de nível 5 – isto é, prescindindo de alguém a bordo.
Já os veículos instrumentados serão fornecidos pela Bosch, pela Universidade de Aveiro (AtlasCar) e, ainda, pela Universidade de Coimbra.
Se for adoptado o procedimento de Madrid, os carros não poderão circular a mais de 80 km/h. Mas, ao que Observador apurou, em Portugal o limite máximo de velocidade nestes testes não está ainda definido.
Segundo nos revelou Pedro Serra, são três os objectivos deste trabalho. O primeiro “é validar a importância da comunicação para uma maior eficácia da condução autónoma, em termos de segurança e de fluidez do trânsito”. O segundo passa por “perceber que pontos da legislação, europeia e portuguesa, têm de ser alterados” para adaptar a lei à realidade dos carros sem condutor. E o terceiro consiste em elaborar “uma espécie de manual de boas práticas”, com recomendações para que seja possível “viabilizar a realização de testes em larga escala”.