Analistas políticos no Reino Unido consideram que resolver a situação na Catalunha será uma prioridade e poderia ajudar o Governo socialista espanhol, mas será difícil devido à “magra maioria” de Pedro Sánchez no parlamento.
Não resolver, porque isso seria muito difícil, mas pelo menos reduzir as tensões. Fala-se de uma revisão da Constituição para oficializar a estrutura federalista de Espanha e também há o encontro que deverá acontecer em breve entre o primeiro-ministro e o presidente da Catalunha. Sánchez poderá aceitar um referendo”, admite Fernando Bertoa, professor de Política e Relações Internacionais na Universidade de Nottingham.
Mesmo assim, salientou à agência Lusa, o tempo é curto porque “este Governo não vai durar muito. O mais tardar vai haver eleições em maio, juntamente com as regionais, locais e europeias. Só tem 84 assentos, o que é que pode fazer? É o número mais baixo de sempre de um Governo espanhol”.
O executivo presidido pelo líder do Partido Popular (PP), Mariano Rajoy, foi derrubado a 01 de junho por uma moção de censura construtiva, depois de Sánchez, presidente do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), ter reunido os apoios necessários no parlamento espanhol.
Rajoy. De presidente do Governo espanhol a conservador do registo de propriedades
As decisões de nomear um Governo dominado por mulheres e de aceitar os 629 migrantes resgatados do mar Mediterrâneo em várias operações e reunidos no barco Aquarius’ que Itália recusou receber, foram populares em Espanha, incluindo junto da oposição, considerou o analista.
Porém, afirmou que será difícil conseguir entendimentos num parlamento onde só tem 84 dos 350 assentos e que está polarizado entre 12 partidos, que vão deste nacionalistas bascos e separatistas catalães a comunistas e populistas da extrema-esquerda, sem contar com os rivais Cidadãos, Podemos e Partido Popular.
O académico não considera ser possível uma “geringonça” em Espanha porque a situação é bastante diferente da de Portugal, onde lembra que existe uma maior proximidade ideológica entre o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda.
É difícil agradar a todos [no parlamento espanhol]. O mais sensato é fazer eleições ou fazer eleições em maio, ou em março, com as eleições da Andaluzia, que é uma região onde os socialistas têm estado envolvidos em casos de corrupção, o que poderia ajudar o PSOE lá”, adiantou.
Jose Olivas-Osuna, professor convidado na universidade London School of Economics, também julga que “o PSOE não tem capacidade para fazer muito em termos de implementar políticas por causa da falta de apoio na assembleia”.
Na sua opinião, “a virtude deste Governo não será o que pode fazer, mas a capacidade de comunicação e de passar uma imagem diferente de Espanha na Europa para ter um papel mais proeminente. E tentar afastar-se do legado de austeridade que herdou do PP. Será um Governo de transição que não vai mostrar o que pode fazer, mas mostrar que tem a capacidade para alcançar acordos com pessoas diferentes”.
Este académico antecipa uma grande influência da questão catalã, a cuja independência Sánchez se opõe, nas eleições legislativas em 2019.
Se ele conseguir resolver o problema da Catalunha, isso seria um grande feito e quase de certeza que ganharia as próximas eleições”, considerou à Lusa, num tom irónico.
O executivo presidido pelo líder do Partido Popular (PP) foi derrubado por uma moção de censura construtiva, depois de Sánchez, presidente do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), ter reunido os apoios necessários.