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Reações à morte de João Semedo e o "acto de amor" que emocionou Marisa Matias

Este artigo tem mais de 5 anos

Um homem de esquerda "combativo e digno". As reações à morte do ex-coordendor do BE, incluindo a mensagem emocionada de Marisa Matias que recordou o discurso surpresa de um homem já sem cordas vocais.

O antigo coordenador do Bloco de Esquerda, João Semedo, morreu esta terça-feira aos 67 anos. Há muito que lutava contra um cancro nas cordas vocais. Catarina Martins, atual coordenadora do BE, João Soares (PS) e Rui Tavares (ex-eurodeputado do BE) foram os primeiros nomes a reagir à morte do político.

Morreu João Semedo, antigo coordenador do Bloco de Esquerda

Marcelo Rebelo de Sousa: “O país sentirá a sua falta”

O Presidente da República já reagiu à morte de João Semedo. No comunicado de imprensa publicado na página da Presidência da Repúbica, lê-se que Semedo “foi um homem de causas, politicamente empenhado desde muito jovem, com um ativismo político anterior ao 25 de abril”.

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Foi pelas escolhas que fez que se destacou, sempre com uma afabilidade acentuada, convencendo pelo exemplo, afirmando-se pela força do seu pensamento lúcido e clarividente”, lê-se na nota da presidência.

A nota refere ainda que João Semedo “até a morte encarou com a firmeza e a bondade que o caracterizava, tendo afirmado numa das suas últimas entrevistas que viveu como quis e que de nada do que é importante se arrependeu”.

Louçã considera defesa do SNS “um dos sinais mais nobres” de João Semedo

O ex-coordenador do BE Francisco Louçã enalteceu a “marca profunda” deixada por João Semedo “como um homem de grandes convicções”, considerando a defesa do Serviço Nacional de Saúde “um dos sinais mais nobres da sua vida”.

Para o antigo dirigente bloquista, “a defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS), um dos seus grandes últimos combates, um combate da sua vida inteira, resumiu a sua preocupação com a solidariedade, com os direitos dos homens e das mulheres”. Esse foi “um dos sinais mais nobres” da vida de João Semedo, salientou. “Talvez este livro “Salvar o SNS”, que escreveu com António Arnaut, seja um sinal de toda a sua vida. Uma preocupação com a qualidade da democracia, um esforço enorme para o qual dava o seu contributo e o seu conhecimento e uma vontade de fazer pontes, de alargar o debate, de trazer soluções, de mudar. Ter uma vida para mudar a vida de muito gente”, enalteceu.

“Eu creio que é a continuação desse combate, a persistência com a mesma garra que o João Semedo trouxe para a vida, com a alegria que ele trouxe, que ele será homenageado”, apelou. Na opinião de Francisco Louçã, João Semedo “deixou uma marca muito extensa durante muito tempo”.

O ex-líder bloquista recordou que Semedo, “como jovem dirigente associativo e estudante, participou na solidariedade com as populações atingidas pelas cheias em 1967, depois foi dirigente estudantil na Faculdade de Medicina, onde se formou”, tendo sido médico e diretor hospitalar. “Foi quadro do PCP, foi membro do Comité Central, afastou-se, deixando sempre muitos amigos e mantendo uma amizade muito grande com muitas das pessoas com quem fez esse percurso. Foi depois dirigente do BE, seu coordenador até, e deputado”, lembrou ainda.

José Manuel Pureza: “Era um ativista da transformação, de uma generosidade sem fim”

José Manuel Pureza trouxe a notícia que não queria dar. “A morte de João Semedo é um momento muito difícil. O país, o Bloco de Esquerda e todos nós temos uma enorme dívida para com o João”, disse Pureza. O deputado chamou-lhe um “ativista da transformação”.

Nos Passos Perdidos, Pureza recordou os contributos políticos de João Semedo — Serviço Nacional de Saúde, eutanásia, direitos dos doentes no SNS — e a “conquista de democracia, luta pela liberdade, uma luta determinada, elegante”, naquele que é “o grande legado” do ex-deputado bloquista.

O João nunca se cansou, nem mesmo quando a doença o limitava severamente, nunca se cansou de querer contribuir valentemente para nossa democracia. Até ao último momento da sua vida consciente, o João soube encontrar forças para apresentar propostas, unir pessoas, juntar gente, fazer maiores de mudança no nosso país”, disse Pureza.

João Semedo, destacou o também o deputado do Bloco, “apaixonava-se pelo conhecimento da realidade, para a mudar, não para a manter, não para a sacrilizar” e “era um ativista da transformação, de uma generosidade sem fim”.

Marisa Matias: Semedo foi “responsável pelo maior ato de amor que vivi na minha vida política”

Marisa Matias partilhou uma fotografia na companhia de João Semedo, descrevendo o militante e ex-coordenador de forma emocionada, aludindo a um episódio: “O responsável pelo maior ato de amor que vivi na minha vida política”. A eurodeputada do Bloco refere-se a um dia em particular, 11 de Janeiro de 2016, quando João Semedo subiu ao palco para uma intervenção imprevista, em Coimbra, no decorrer da campanha da agora eurodeputada pelo Bloco de Esquerda para as presidenciais. “Espero que me ouçam. Só a Marisa é que punha aqui a falar um tipo sem cordas vocais…”, disse Semedo, já com a voz arranhada do cancro. A intervenção trouxe lágrimas aos presentes, mas também silêncio e uma ovação de pé.

A presença de Semedo no comício foi uma surpresa completa para Marisa Matias, que ao longo de toda a campanha de 2016 foi trocando mensagens com o ex-coordenador do Bloco. Nada faria prever que, naquele de dia frio de janeiro, Semedo fizesse a primeira aparição em público — e o primeiro discurso — após a cirurgia que lhe removeu as cordas vocais.

[Veja o vídeo do discurso-surpresa que João Semedo deu na candidatura de Marisa Matias, em janeiro e 2016:]

“Foi o momento de toda a campanha que mais vou guardar, não sei dizer isto de outra forma”, recorda Marisa Matias ao Observador. “Recordo-me da forma como ele defendeu a candidatura, do sentido de humor. Ele não tinha cordas vocais, foi o maior ato de amor que vivi em política. E isso é um exemplo de quem o João era”, diz Marisa Matias ao Observador.
Findo o discurso de Semedo, “houve uma comoção geral, uma admiração profunda”, continua. “Aquele dia foi o dia do João, e ainda bem”.

“Quando tudo corre mal é a essas memórias que recorro. A memória de um imprescindível, de um amigo, de um exemplo”, escreveu no Facebook. Elogiou o “coração gigante” e a “dedicação total” de Semedo e rematou o post com um “Até sempre, João. É mesmo até sempre”.

Mariana Mortágua recorda o homem “corajoso”, “de caráter determinado”

Mariana Mortágua também já reagiu à morte do ex-dirigente bloquista. Ao Observador, a deputada recordou João Semedo como um homem “de caráter determinado” e “corajoso.” “Foi alguém que deu um contributo muito grande ao Bloco de Esquerda e ao País”, disse. “Lutou até à última, sempre com determinação.” Lembrou “a entrega” do médico às “lutas em que entrava”, dando como exemplo o facto de ter participado na recente campanha pela despenalização da morte assistida, um tema que foi votado no Parlamento no dia 29 de maio. “E batalhava sempre sendo intelectualmente muito honesto”, conta.

A deputada caracterizou ainda João Semedo como sendo “muito trabalhador” e recordou histórias que viveu com o ex-dirigente do BE nos bastidores do trabalho parlamentar. “Lembro-me de trabalhar com ele na Comissão de Inquérito ao BPN e de ter sentido muitas dificuldades em acompanhar as trocas de e-mails às 3h e 4h da manhã.” Mariana Mortágua lembra-se bem “dos grandes esquemas que ele montava” para tentar compreender o caso. “Ele tinha três blocos de notas, cada um para sua coisa, e era muito difícil de acompanhar o seu ritmo de trabalho”. Sem rodeios, afirma não ter dúvidas de que estes episódios foram determinantes para mais tarde conseguir moldar o seu próprio método de trabalho na Comissão de Inquérito ao BES. “Foi com ele que aprendi a fazer os grandes esquemas.”

A nível mais pessoal, Mariana Mortágua realça o bom humor do ex-deputado. “Havia poucas pessoas como o João, sempre disponível para contar uma piada.” Algo que não deixava “quem convivia com ele de perto” indiferente. “Esta tem sido uma manhã difícil”, desabafou.

“Obrigada, João” e o “homem de esquerda, combativo e digno”

Na sequência do desaparecimento de João Semedo, Catarina Martins partilhou uma fotografia dos dois juntos na respetiva conta de Twitter. Na legenda está um simples e emotivo “Obrigada, João”. A coordenadora do BE cancelou a agenda de trabalhos previstos para esta terça-feira.

Já durante o velório, Catarina Martins disse que João Semedo  foi um “homem extraordinariamente generoso e combativo até ao fim” pelas causas em que acreditava, ficando na história da democracia.

“O João Semedo vai-nos fazer seguramente muita falta, foi um homem combativo até ao fim pelas causas em que acreditava todos os dias, extraordinariamente generoso e ficará, seguramente, na história de avanço da nossa democracia”, afirmou à chegada ao velório do antigo dirigente do BE. Visivelmente emocionada, a bloquista referiu que João Semedo deixa a responsabilidade de continuar o seu trabalho nas causas que continuava a abraçar e, naquelas, que ainda estão por fazer. “Estamos cá para isso”, acrescentou.

Segundo Catarina Martins, a história da democracia está ligada a João Semedo não só porque começou muito jovem a ser ativista contra o fascismo, mas porque foi um construtor do Estado Social. “Foi, enquanto homem político, nas responsabilidades que assumiu primeiro no PCP e, mais tarde, no BE, mas também por aquilo que fez enquanto homem na sua profissão, na forma como alterou a forma como o Serviço Nacional de Saúde trabalha e como lida com os mais vulneráveis dos vulneráveis”, realçou.

A coordenador do BE enalteceu ainda a história de João Semedo como estando ligada às coisas “mais bonitas da democracia, às causas todas e à generosidade”. Dizendo estar-lhe “pessoalmente agradecida”, Catarina Martins reforçou que lhe faltou, “sobretudo, um amigo”.

João Soares recorda os momentos de convívio com Semedo, “na esplanada do Pão de Canela, na Praça das Flores, em Lisboa” e refere-se ao médico e militante como um “homem de esquerda, dialogante, firme, solidário, combativo, digno”. Na respetiva página de Facebook, Soares escreve “Honra à memória de João Semedo”.

“Uma muito triste notícia”, escreve Rui Tavares no Twitter. O ex-eurodeputado do Bloco de Esquerda refere-se a João Semedo como “um grande lutador, sempre do lado da justiça social”, dos “que não são ricos nem poderosos”, e estendeu um abraço à família e amigos enlutados, bem como ao próprio partido que Semedo coordendou a partir de 2012.

“João Semedo faleceu hoje de manhã. Depois de uma vida intensa, depois de uma luta desigual nos últimos anos de vida”, escreveu Moisés Ferreira, deputado do Bloco de Esquerda. No tweet publicado há instantes, Ferreira deixa um abraço a Semedo e deixa ficar uma promessa: “Continuaremos”.

Numa nota de pesar enviada às redações, o Bloco de Esquerda salienta que a “perda de João Semedo é de todos os que partilharam o seu ímpar e diversificado percurso, que com ele lutaram, aprenderam e conviveram, na política e na vida.”

Também Isabel Moreira, do PS, recordou João Semedo como um “querido amigo”. Na sua página de Facebook, a socialista escreve que acordou “com a notícia que não queria que chegasse” e promete dedicar futuras palavras ao antigo coordenador do Bloco. “Obrigada por tudo”, remata.

João Semedo: “Nunca desejei morrer, mas sempre achei que a morte me apanharia feliz”

A editora Contraponto, que editou em maio o livro Morrer Com Dignidade, coordenado por João Semedo, lamentou a morte do bloquista, frisando sobretudo o papel que desempenhou na defesa da despenalização da Eutanásia. “Para a Contraponto, o médico e político João Semedo será recordado como um democrata, um humanista e como uma pessoa de elevadíssimo sentido ético e cívico, que, da forma mais digna possível, lutou até ao final pela possibilidade de, num país em que se morre mal, se poder morrer com dignidade”, disse a editora, em comunicado.

“Sobram dedos numa mão para contar as pessoas boas, sérias e inteligentes como o João Semedo que conheci na vida. Que imensa tristeza”, escreveu José Eduardo Martins, do PSD, na rede social Facebook.

O ministro da Defesa, José Alberto Azeredo Lopes, também reagiu no Facebook, onde escreveu: “Morreu um homem bom, sereno e justo”.

Já José Ribeiro e Castro, ex-presidente do CDS, diz sempre estimou Semedo “como um homem sério”, mesmo sabendo que não concordavam numa ideia. “Era uma pessoa cordata e um adversário leal. Enfrentou a doença e as suas dificuldades com grande coragem e ainda maior naturalidade”, escreveu na respetiva conta de Facebook. ” Entristece-me a sua morte. Deixo os meus sentimentos à sua família e aos amigos mais próximos.”

António Chora, que fez parte da comissão trabalhadores da Autoeuropa, escreveu apenas “Adeus amigo, até um dia”.

Álvaro Beleza: “Foi um homem pleno, um amigo presente”

Álvaro Beleza, do PS, também médico e amigo de Semedo, escreveu que o ex-coordenador do Bloco “foi um homem pleno, amigo presente, cidadão empenhado e militante”, com “um coração de ouro”, fazendo uma comparação com António Arnaut, fundador do Serviço Nacional de Saúde. “Arnaut e João Semedo lutaram até ao fim… e lutaram com vigor e energia invejável! Lutaram por uma saúde para todos, universal e de qualidade… o SNS vai sobreviver e nos que cá ainda estamos vamos honrar esse legado!”

Ferro Rodrigues: João Semedo “foi sempre um homem de diálogo e de convicções”

Ferro Rodrigues recordou o bloquista como um “homem de diálogo e de convicções” e que deixa uma “imensa saudade”. Numa mensagem enviada à Lusa e partilhada com a família, o presidente da Assembleia da República lembrou que, “como dirigente e coordenador do Bloco de Esquerda”, João Semedo “contribuiu decisivamente para a consolidação do partido e para a atual solução de Governo”, apoiado pelos partidos à esquerda.

O presidente da Assembleia lembrou ainda o médico e ex-militante comunista como “uma das principais personalidades políticas da última década e meia” e a sua “defesa cívica e política do Estado Social, e em particular do serviço nacional de saúde” como algo que “perdurará como exemplo na memória de todos”.

O livro Morrer com Dignidade, coordenado por João Semedo, em defesa da morte medicamente assistida, foi apresentado em maio na Assembleia da República numa cerimónia a que o médico e ex-coordenador do BE já não esteve presente, tendo enviado um texto que foi lido aos presentes. Na primeira fila estava o presidente da Assembleia da República e de representantes dos partidos que tinham projetos de lei a favor da despenalização da eutanásia e que, dias depois, foi chumbada no parlamento.

Ministro da Saúde: “Homem sério e bom”, dedicado à causa pública

O ministro da Saúde sublinhou o exemplo de vida do ex-coordenador do Bloco de Esquerda, que classificou como um homem sério e bom, sempre dedicado à causa pública. “Era a notícia que todos aguardávamos, mas que ninguém queria receber. Infelizmente, apesar do João dizer que a morte o apanharia feliz, a nós deixa-nos tristes”, disse o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

O governante sublinhou o exemplo de vida de João Semedo, frisando: “Era um homem sério e bom, dedicado à causa publica e com um sentido muito apurado do que é o dever de cada um de nós para com os outros”. “Nesse sentido temos tido um ano difícil, foi o António Arnaut e agora o João Semedo. São pessoas que vão fazer muita falta”.

O Semedo estará sempre no nosso pensamento, pelo exemplo de vida, pela coragem com que lidou com a doença, pela dignidade como soube aceitar o fim da vida e como morreu”, afirmou Adalberto Campos Fernandes.

Fernando Rosas recorda o político “que travou batalhas até ao fim”

O historiador e ex-deputado do BE Fernando Rosas disse à Lusa que João Semedo foi um político determinado que marca a esquerda portuguesa e que “travou batalhas e lutas até ao fim”. “Foi um homem livre, tranquilo, determinado e que travou batalhas até ao fim.”

Fernando Rosas, historiador, fundador e ex-deputado do Bloco de Esquerda recorda que João Semedo, “consciente da sua situação de saúde manteve-se sempre empenhado nas questões políticas em que acreditava” recordando que esteve envolvido no processo da despenalização da eutanásia que – “não passou no Parlamento, mas há de passar um dia” e também na defesa do Sistema Nacional de Saúde (SNS) “juntamente com António Arnaut (PS) que faleceu recentemente.”

João Semedo nunca desistiu de lutar. Foi militante e dirigente do Partido Comunista Português, mesmo antes do 25 de Abril, e dirigente do Bloco de Esquerda até à morte”, acrescentou Fernando Rosas.

António Costa: “É com muita pena que o vejo partir”

O primeiro-ministro, António Costa, expressou grande pesar pela morte do ex-coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo, que lembrou como uma pessoa “exemplar em toda a sua vida”, combatente pela democracia e pelo SNS.

Foi alguém que foi exemplar em toda a sua vida, como combatente pela liberdade, pela democracia, pelo SNS. Era uma pessoa por quem eu tinha não só estima como profunda admiração, designadamente pela forma muito corajosa como enfrentou ao longo de muitos anos uma batalha muito dura contra a doença. E é com muita pena que o vejo partir”, declarou António Costa.

António Costa referiu que teve “a oportunidade de privar com o João Semedo” e manifestou “uma grande admiração por ele, pela sua luta, pelo seu combate, como democrata, como antifascista, como defensor do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e também pela forma corajosa como se bateu ao longo destes longos anos contra a doença”.

PS destaca João Semedo como combatente pela liberdade e humanista ao serviço da medicina

O PS considerou que o ex-coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo foi um combatente pela liberdade e um humanista ao serviço da medicina que “tocou no coração” de pessoas de todo o espetro político.  Esta posição foi transmitida à agência Lusa pela porta-voz do PS, Maria Antónia Almeida Santos.

“O PS e os socialistas receberam com profunda tristeza esta notícia. João Semedo foi um combatente pela liberdade, um democrata e um resistente até ao fim por várias causas. O PS envia as mais sentidas condolências à sua família e ao Bloco de Esquerda”, referiu Maria Antónia Almeida Santos. A porta-voz do PS salientou que, enquanto médico, João Semedo “foi um humanista que entregou a medicina ao serviço da política”.

Como deputado foi um lutador sempre leal. Apesar das diferenças, foi um político com quem sempre deu gosto partilhar e discutir as nossas posições. Tocou no coração de pessoas de todo o espetro político”, apontou Maria Antónia Almeida Santos, que na anterior legislatura desempenhou as funções de presidente da Comissão Parlamentar de Saúde.

Maria Antónia Almeida Santos afirmou depois que “todos os que tiveram a sorte de privar” com João Semedo “vão ter muitas saudades”. “Vamos respeitar o seu legado político. Vamos lembrar sempre o seu exemplo na luta pela dignidade da vida humana”, acrescentou a porta-voz do PS.

Presidente do PSD recorda João Semedo como político que lutou “sempre por causas e convicções”

O presidente do PSD, Rui Rio, recordou João Semedo como alguém que estava na vida pública “por convicções e não por qualquer interesse pessoal”, considerando que o antigo coordenador do BE fará “falta à política portuguesa”.

“O dr. João Semedo era alguém que vou guardar na minha memória como uma pessoa que estava na vida pública por causas e convicções e em circunstância alguma por qualquer interesse pessoal. Isso hoje vai escasseando cada vez mais e, portanto, tenho um grande respeito por toda a gente que está assim na vida pública”, destacou Rui Rio, em declarações à agência Lusa.

“Pese embora as grandes diferenças ideológicas que tínhamos, eu acho que o dr. João Semedo faz realmente falta à política portuguesa”, salientou. Rio conhecia pessoalmente João Semedo “há muitos anos” e recordou que, quando foi presidente da Câmara Municipal do Porto, o antigo deputado do BE colaborou num programa de combate à toxicodependência na cidade.

A última vez que os percursos de ambos se cruzaram foi no âmbito do movimento criado por João Semedo, “Direito a morrer com dignidade”, pela despenalização da eutanásia, causa também apoiada pelo presidente do PSD. “Naturalmente que não tive qualquer problema em colaborar com alguém que tinha a mesma convicção que eu, independentemente de termos alinhamentos partidários diferentes”, afirmou Rio, reiterando o respeito que manterá pela memória de João Semedo “pela forma como se dedicava à causa pública, sempre por convicções”.

CDS recorda “amor à liberdade, respeito, convicções e coragem” de João Semedo

A deputada e dirigente do CDS-PP Isabel Galriça Neto lamentou a morte do ex-coordenador do BE João Semedo, lembrando, apesar das divergências, o “bom amigo”, com uma vida de “amor à liberdade, respeito, convicções e coragem”.

No dia da sua morte, e celebrando a sua vida, quero falar daquilo que está para além das divergências na política, que é o amor à liberdade, o respeito, as convicções, a coragem, e esses são valores que eu reconheço na vida do João Semedo, permanecem na minha memória, e hoje curvo-me perante essa memória”, disse à Lusa Isabel Galriça Neto.

A deputada, que é médica, e foi recentemente um dos rostos contra a despenalização da morte assistida, uma causa de João Semedo, sublinhou que além das “profundas divergências” que tinham, existiu sempre respeito mútuo e o antigo coordenador do Bloco foi “um bom amigo”. Galriça Neto defendeu que a vida de João Semedo incorporou a “ideia de construção do bem comum” e da necessidade de, com coragem, de lutar por valores.

Pedro Mota Soares recorda o “temível adversário”

Pedro Mota Soares, deputado do CDS-PP, aprendeu a estimar João Semedo, apesar de serem adversários políticos. Numa crónica escrita a propósito da morte do ex-coordenador do Bloco de Esquerda, Mota Soares destaca o “lutador pelas suas ideias”. “Alguém que o fazia de forma convicta, combativa e preparada e esses são sempre os adversários mais temíveis.”

Reconheci nele um lutador pelas suas ideias. Alguém que o fazia de forma convicta, combativa e preparada e esses são sempre os adversários mais temíveis. Foram mais os temas que nos dividiram, do que aqueles que nos uniram.

Ordem dos Médicos: “Foi um lutador sempre”

Também a Ordem dos Médicos emitiu um comunicado de imprensa, enviado às redações, onde lamenta a morte de João Semedo. Na nota, o ex-coordenador do Bloco de Esquerda é descrito como um homem que “defendeu os direitos das pessoas com coragem e com o coração” e “um fervoroso defensor do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

A sua última obra, em parceria com António Arnaut, sobre uma nova Lei de Bases da Saúde, espelha a sua visão sobre o estado atual do serviço público de saúde: ‘Salvar o SNS'”, lembra a nota assinada pelo bastonário da Ordem dos Médicos.

“A João Semedo, o nosso muito obrigado”, acrescenta a Ordem dos Médicos. “Por uma vida dedicada a defender as causas em que acreditava, por uma voz ativa na política nacional e internacional, por uma
dedicação sem tréguas à Saúde e à Medicina”.

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