A Agência Internacional da Energia Atómica (IAEA) não vê indícios de que a Coreia do Norte tenha iniciado um processo de desnuclearização, apesar da crença do presidente norte-americano Donald Trump que, numa entrevista dada esta segunda-feira à agência Reuters, afirmou “acreditar” que o país de Kim Jong-un deu “passos concretos” nesse sentido. O alerta da agência foi dado num relatório publicado no início desta semana.

No relatório, que irá ser debatido na próxima reunião do conselho de governadores que define os rumos e políticas da agência internacional (reunião agendada para o próximo mês), os técnicos da IAEA indicam que a agência “continua impossibilitada de verificar as atividades [nucleares] na Coreia do Norte”, pelo que “o seu conhecimento sobre o programa nuclear é limitado”. “À medida que novas atividades nucleares decorram no país, este conhecimento decai”, lê-se ainda.

A agência alerta que “a continuação e desenvolvimento do programa nuclear da Coreia do Norte e as declarações sobre o assunto dos responsáveis do país mantém-se como causa de grande preocupação” e reitera que “as atividades nucleares” do país nos últimos anos “são violações claras das importantes resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.

O diretor-geral [da IAEA, o japonês Yukiya Amano] continua a requerer à Coreia do Norte que cumpra com a totalidade das suas obrigações decorrentes das importantes resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que coopere prontamente com a agência (…) e que resolva em definitivo todas as questões pendentes, incluindo as que se decorrem da ausência de inspetores da IAEA na Coreia do Norte”, lê-se ainda.

A Agência Internacional da Energia Atómica é uma agência internacional que zela pela utilização pacífica da energia nuclear, lutando contra a utilização desta energia em contexto militar, isto é, via armamento químico. A agência nasceu como organização autónoma e independente da Organização das Nações Unidas (ONU), mas reporta a esta organização e monitoriza o cumprimento das normas aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU.

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Esta segunda-feira, em entrevista à agência de notícias Reuters, Donald Trump avançou que “o mais provável” é que volte a encontrar-se com Kim Jong-un, depois de uma cimeira entre os dois no passado mês de junho em que ficaram decididos os princípios gerais de acordo para a desnuclearização da Coreia do Norte.

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