Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa vão tomar uma decisão sobre a recondução ou a substituição da Procuradora-Geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, em setembro. O Presidente da República não perdeu tempo e, segundo noticiou o Expresso no sábado, já terá falado com a PGR. Não é conhecida a posição de Belém, mas o ex-líder do PSD, Luís Marques Mendes, disse este domingo no seu comentário da SIC que “do ponto de vista do país, há todas as razões para reconduzir” Joana Marques Vidal e essa recondução é uma “solução óbvia e natural“.
Para Marques Mendes a escolha pode ser “profundamente consensual“, se houver recondução, ou “altamente controversa“, se Marques Vidal for substituída. “Se não houver bom senso, a substituição será uma decisão sempre suspeita“, atira Marques Mendes. Ora, o “consenso” e o “bom senso” é precisamente aquilo que Marcelo diz defender na ação política. Marques Mendes não o disse, mas é mais um sinal de que Marcelo poderá já ter entrado em cena para marcar posição pela recondução.
O comentador político defende que Marques Vidal “teve um mandato altamente positivo“, apesar de ser “difícil” com investigações a Sócrates, na banca, no futebol, a magistrados judiciais e do próprio Ministério Público. Para o antigo presidente do PSD, durante este mandato “ficou a ideia de que a justiça é mesmo igual para todos. Que não poupa ninguém, incluindo os mais influentes e poderosos. Que nada fica por investigar”. Ora, neste contexto, conclui, “substituir é uma decisão muito estranha, suspeita. Cheira a esturro!”
Marques Mendes diz ainda que a substituição de Marques Vidal teria “uma leitura perigosa” sobre os casos de José Sócrates e do vice-presidente angolano, Manuel Vicente. No primeiro caso, haveria a “leitura de que o poder político estava desconfortável” com a investigação ao antigo primeiro-ministro.No segundo caso, “ainda pior, seria feita a leitura de que Portugal cedeu às pressões de Angola”.
PSD é “o maior aliado de uma maioria do PS”
Quanto ao discurso de António Costa na rentrée do PS, Marques Mendes disse que foi “um discurso tipicamente de campanha eleitoral” e que com o PS a “mostrar obra feita” e a ganhar força “há um problema sobretudo para o PSD”. Numa análise ao partido que liderou, Marques Mendes vê um “PSD parado, inativo, em férias, sem ter iniciativa e sem fazer oposição“, sendo “o maior aliado de uma maioria do PS”, lembrando que se o segundo partido. E atirou mesmo: “Para já, o PS deve agradecer ao PSD!”
Sobre o fim do resgate grego e o famoso vídeo do ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo a elogiar Atenas, Marques Mendes defendeu que Centeno não é “criticável” pelo que elogio à Grécia, mas sim por há três anos ter criticado “a saída limpa do país” quando o resgate português foi “muito mais bem sucedido que o resgate grego.” Para o comentador político, este caso mostra que “Centeno é um ministro competente, mas em vários momentos já provou que tem uma relação difícil com a verdade e com coerência.”