O governo italiano contactou o Banco Central Europeu (BCE) para pedir à autoridade monetária que continue a comprar dívida do país mesmo após o final do programa de compras que termina no final do ano. Segundo notícia do La Stampa, a justificação do governo italiano é que uma continuação da presença do BCE no mercado será importante para proteger o país de possíveis cortes de rating e, alega o governo, da “especulação” dos mercados.

A dívida italiana tem estado sob pressão nos mercados sobretudo desde que o ministro-adjunto (e líder do Movimento Cinco Estrelas), Luigi Di Maio, ter admitido que Itália poderá furar os limites de défice orçamental no próximo orçamento do Estado, por considerar que é necessário aumentar o investimento público para dinamizar a economia. Com os juros a superarem os 3,2% a 10 anos (Portugal está com 1,9%), Itália passou nas últimas semanas para o centro das atenções dos investidores na Europa. E a pressão só não é maior porque o BCE continua ativo no mercado, comprando títulos de dívida dos países da zona euro, ainda que já a partir do próximo mês o ritmo das compras vá diminuir e no final do ano vá acabar.

O governo liderado por Giuseppe Conte, ladeado pelo Matteo Salvini (da Liga) e Di Maio (do Movimento Cinco Estrelas), não quer, porém, que as compras de dívida italiana acabem, porque sem o BCE ativo no mercado podem começar a escassear os investidores privados para comprar a dívida italiana e os juros arriscam dar um salto. O La Stampa não especifica onde obteve a informação mas avança que o que os italianos têm em mente é um programa do género do atual plano de quantitative easing mas que pode, diz o jornal, receber outro nome caso o BCE considere necessário. O BCE não comentou a notícia do La Stampa.

A agência Moody’s adiantou na semana passada que decidiu prolongar a revisão em curso do rating de Itália “à espera de maior clareza” sobre os planos orçamentais do governo. Com o orçamento a ser entregue em meados de outubro, até ao final desse mês a Moody’s e a S&P deverão pronunciar-se quanto à notação de risco da dívida italiana. Mas a Fitch tem uma análise agendada já para esta sexta-feira, o que pode ser um primeiro indicador sobre a forma como as agências de rating estão a apreciar os planos do governo italiano.

Para tentar aliviar a pressão, porém, o governo está a movimentar-se em vários quadrantes. Na semana passada a imprensa italiana noticiou que, durante um encontro entre Giuseppe Conte e Donald Trump, o presidente norte-americano mostrou-se disponível para comprar dívida italiana em 2019. Também o ministro das Finanças, Giovanni Tria, foi até à China para uma visita oficial mas garantiu que o objetivo dessa missão não é encontrar compradores para a dívida italiana.

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