Depois de António Costa ter deitado por terra a ambição do Bloco de Esquerda (BE) de ter uma taxa especial para negócios no imobiliário, dizendo que foi “feita à pressa” e que é “um imposto que repete o imposto de mais-valias que já existe”, Catarina Martins veio dizer que a proposta “está a ser debatida desde junho com o ministro das Finanças” e que tem “corrido bastante bem”.

Quero acreditar que o senhor primeiro-ministro, que acompanha muito dossiês, não terá ainda falado com o senhor ministro das Finanças sobre esta matéria. Tenho de concluir que eventualmente não estava informado mas acho que não deve ser ultravalorizado”, disse a coordenadora do Bloco de Esquerda.

Catarina Martins falava esta terça-feira aos jornalistas e afirmou que não acredita que Mário Centeno tenha colocado a proposta “na gaveta”: “Não acredito. As negociações do Orçamento são matérias complexas, têm negociações setoriais. Acho que ganhamos muito mais em trabalhar as propostas, ver quais são as propostas sensatas, o que é que corresponde à necessidade do país e fazermos essa negociações, do que estarmos a anunciar fecho de processos que até estão a correr bem”.

No último domingo, a coordenadora do BE, Catarina Martins, anunciou uma proposta para travar a especulação imobiliária, adiantando que essa medida tem condições para ser aprovada no âmbito do Orçamento do Estado para 2019. Catarina Martins disse que o mecanismo proposto seria semelhante à taxação “dos movimentos da especulação em bolsa”, sujeitando a uma taxa especial quem compra e vende num curto período de tempo e com muito lucro. Uma medida que, apesar dos protestos de agentes do setor e da própria posição contrária dos socialistas, o BE pretende manter na mesa das negociações para o Orçamento do Estado do próximo ano.

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Mortágua: “É errado fechar as portas ao princípio sem discutir medida”

O Bloco de Esquerda  reagiu à posição do grupo parlamentar do PS de chumbar a proposta de taxa sobre as mais-valias imobiliárias proposta pelos bloquistas. Em mensagem na sua conta pessoal de Twitter, ao final desta manhã, a deputada Mariana Mortágua insistiu na defesa da medida sugerida pelo seu partido e garante que mantêm a proposta nas negociações para o Orçamento do Estado para 2019.

“A especulação expulsa muita gente das cidades. A nossa proposta dirige-se a fundos que não constroem ou reabilitam, só inflacionam preços”, justifica para sustentar a proposta da medida que o CDS já carimbou como “taxa Robles”, em alusão ao caso recente do imóvel em Alfama que levou à demissão do vereador lisboeta Ricardo Robles.

O comentário de Mariana Mortágua surge na sequência das declarações do líder parlamentar dos socialistas que garantiu não haver qualquer intenção de fazer passar a medida proposta pelo BE. Para Carlos César, a especulação “não se combate com uma taxa que é uma repetição do imposto de mais-valias que já existe”, mas sim com “o aumento de oferta de habitação acessível”.

Costa rejeita taxa Robles. “Foi feita à pressa”

Uma posição que Mortágua não esperava do PS, ironizando que um chumbo seria mais previsível por parte do CDS, partido que batizou a sugestão dos bloquistas com o nome do vereador da Câmara de Lisboa que teria investido num imóvel em Alfama para venda e consequentes mais valias — política que o Bloco sempre criticou –, mas que acabou por levá-lo à demissão da vereação alfacinha e dos cargos no próprio partido.

(artigo e título atualizados às 20h com as declarações de Catarina Martins)