O Presidente da África do Sul defendeu esta sexta-feira uma “reforma alargada” do Conselho de Segurança das Nações Unidas que dê maior representatividade ao continente africano.
“A África do Sul irá defender uma reforma alargada do Conselho de Segurança das Nações Unidas e apelar ao alargamento de 15 para 26 assentos permanentes e não-permamentes”, disse Cyril Ramaphosa num encontro, em Pretória, com a comunidade diplomática acreditada no país. “Para que África seja plenamente representada no Conselho de Segurança, acreditamos que deve ter no mínimo dois assentos permanentes e um total de cinco assentos não-permanentes ou por eleição”, afirmou o presidente da República.
“A África do Sul acredita que o aumento nas últimas duas décadas do unilateralismo em assuntos globais e a violação da soberania nacional (dos Estados) é uma preocupação real que fragiliza a paz global, segurança e desenvolvimento”, disse. Neste sentido, Ramaphosa frisou que é necessário reforçar o sistema multilateral de governação e de decisão coletiva a nível global.
A África do Sul foi eleita pela Assembleia Geral das Nações Unidas para o Conselho de Segurança das Nações Unidas para o mandato 2019-2020 como membro não-permanente. Será a terceira vez que o país representa o continente africano no Conselho de Segurança, desde a sua reintegração na comunidade internacional após as primeiras eleições multirraciais e democráticas, em 1994, com o fim do Apartheid.
No dia 24 de setembro está agendada uma “Cimeira de Paz Nelson Mandela”, na sede da ONU, em Nova Iorque, de homenagem ao centenário do aniversário do antigo presidente sul-africano e prémio Nobel da Paz, tendo como anfitrião o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, António Guterres.
O Presidente Ramaphosa reuniu-se esta sexta-feira em Pretória com o corpo diplomático de 139 missões e organizações estrangeiras representadas na África do Sul para dar a conhecer as prioridades do seu executivo, e esclarecer nomeadamente a incerteza política que se acentuou no país após o congresso nacional do ANC em dezembro último, em Joanesburgo. Ramaphosa, que é igualmente presidente do ANC, disse aos diplomatas estrangeiros que a África do Sul encontrará em breve uma “solução sul-africana” para a controversa reforma agrária por desapropriação sem compensação financeira, preconizada pelo partido governante, a exemplo do que fez com o apartheid que qualificou de “pesadelo”.
Na abertura do encontro, transmitido pela televisão nacional, o presidente da África do Sul manifestou a sua gratidão à comunidade internacional em geral, e à Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e à União Africana (UA), em particular, pelo “apoio e confiança” na nomeação para o Conselho de Segurança da ONU assim como na política de cooperação internacional da África do Sul. Neste sentido, Ramaphosa afirmou que a política externa sul-africana “é informada pelos objetivos e prioridades do continente africano que visam alcançar uma África e um mundo próspero e pacífico, democrático, não racial, não sexista e unido, contribuindo para um mundo justo e equitativo”.
“A vossa presença no nosso país ajuda-nos a alcançar o progresso. Um país pode tornar-se um país também pela contribuição de outros países. Nós aprendemos imenso com os vossos países para chegarmos onde nos encontramos hoje, e muitos de vós contribuíram para que conquistássemos a liberdade e a democracia que hoje desfrutamos”, afirmou. “E agora, queremos aprender com os vossos países à medida que reconstruimos o nosso país das cinzas do Apartheid e do colonialismo, da devastação e deterioração imposta no nosso país pelos maus líderes do nosso país”, concluiu o presidente Ramaphosa.