O diretor executivo da Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVRDão) revelou que a exportação do vinho do Dão “está consolidada e que os números são de crescimento”, apesar da quebra de 2017, por causa de Angola e do Reino Unido.
“A exportação está consolidada e os números são de crescimento e irão manter-se, mas nós tivemos dois mercados que nos afetaram a nós, região do Dão, e penso que também a Portugal, no contexto do vinho: Angola e o Reino Unido”, anunciou Pedro Mendonça.
Em Angola, explicou o diretor, “pelas razões conhecidas, pela instabilidade política que o país atravessou até um determinado momento e onde decresceram significativamente as vendas” não por falta de interesse, mas de disponibilidade de dinheiro.
“Em conversa com alguns produtores, o que estava a acontecer é que havia o desejo de comprar e o desejo de pagar, mas havia dificuldades nos pagamentos, não porque o importador não quisesse pagar, mas porque havia dificuldades práticas, objetivas, de colocar o dinheiro fora de Angola. Era impossível por razões do Estado angolano, e isso refletiu-se”, esclareceu.
No Reino Unido, a causa principal terá estado ligada à gestão de ‘stocks’, considerou Pedro Mendonça, que entendeu que “há um determinado movimento de compra que pode implicar um ‘stock’, ou seja, não é para um consumo imediato, há um esforço de compra por parte do importador, pelas mais diversas razões, e que se refletiu nestes números”.
“É evidente que quando se olha para uma quebra temos de olhar sempre com preocupação, mas acho que neste caso ela deve-se a dois momentos que serão provavelmente ultrapassados e que poderemos compensar com outros mercados”, projetou Pedro Mendonça, que avançou que está a ser finalizado um estudo que será colocado em prática no início de 2019.
O diretor executivo da CVRDão explicou à agência Lusa que “é um plano estratégico a 10 anos, tendo em conta os mercados internacionais, para identificar os pontos fortes e fracos, as oportunidades e a forma mais eficiente de como alocar o dinheiro que a CVRDão tem disponível para a promoção dos vinhos” do Dão.
“Já temos, basicamente, formatados em quais os países em que vamos focar o nosso investimento, ou seja, a nossa prioridade em termos de investimento, e não antecipo porque ainda tem de ir a conselho geral, e posteriormente, será implementado, com toda a certeza, em 2019, com uma janela temporal de 10 anos”, precisou Pedro Mendonça.
Os dados foram apresentados numa conferência, “O vinho, o Dão e a Beira”, a decorrer na manhã de hoje e que marcou o início da Festa das Vindimas em Viseu, que decorre até domingo, com várias atividades ligadas ao vinho e com a novidade, este ano, de um festival que permitirá 45 experiências gastronómicas com a presença de 10 ‘chefs’, cinco locais e outros tantos de renome nacional.