São 243 filmes no total, 59 deles produções portuguesas, entre longas e curtas-metragens, 14 das quais em estreia mundial e presentes não só na respectiva secção competitiva, como também espalhados por todo o festival. Países representados, chegam a 54. Eis alguns dos números mais relevantes da edição deste ano do DocLisboa, a 18ª, que decorre entre hoje, dia 18, e dia 28, e se vai espalhar como de costume pela Culturgest, Cinemas Ideal e São Jorge e Cinemateca. A retrospectiva é dedicada ao cinema do colombiano Luis Ospina e a secção Foco está submetida ao tema ‘Navegar o Eufrates, Viajar o Tempo do Mundo’, juntando filmes de vários formatos e épocas das regiões e países banhados por este rio, o mais longo do Médio Oriente. Apresentamos dez propostas, respigadas das várias secções competitivas e não-competitivas do DocLisboa 2018.
“Alis Ubbo”
De Paulo Abreu
“Tuk-tuks” pelas ruas, gruas de construção, lojas tradicionais de bairro a fechar, lojas “hipster” a abrir, barcos de cruzeiro, alojamentos locais a brotar como cogumelos, turistas a puxar malas com rodinhas por toda a parte. Em “Alis Ubbo” (“Porto seguro”, em fenício), que passa na Competição Nacional, Paulo Abreu, premiado o ano passado nesta secção com “I don’t Belong Here”, regista, com humor e ironia as alterações sofridas por Lisboa nestes últimos dois anos. (Dia 20, São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 16.00 / Dia 22, 16.30, São Jorge 3)
“Terra Franca”
De Leonor Teles
A autora de “Balada de um Batráquio”, vencedor do Urso de Ouro da Melhor Curta-Metragem no Festival de Berlim de 2016, traz à Competição Nacional do DocLisboa a sua primeira longa-metragem. “Terra Franca” é um documentário inteiramente rodado à beira do Tejo, em que a realizadora segue as rotinas de um pescador, Albertino Lobo, ao longo das quatro estações do ano, na pequena comunidade em que vive. (Dia 19, Culturgest, 21.30 / Dia 22, Cinema São Jorge 3)
“Para la Guerra”
De Francisco Marise
É cubano e já adiantado nos anos, chama-se Andres Rodriguez Rodriguez e foi um daqueles militares “internacionalistas” que, durante a Guerra Fria, travaram as guerras da URSS por procuração, tendo combatido no conflito civil que se seguiu à independência de Angola. Francisco Marise foi filmá-lo e ouvir o que tinha para dizer sobre a sua vida em “Para la Guerra”, na Competição Internacional. (Dia 25, Culturgest, 19.00 / Dia 27, Culturgest, 14.00)
“Passe Montagne”
de Jean-François Stévenin
Com 74 anos, Jean-François Stévenin é um dos mais atarefados e conhecidos actores secundários franceses, tendo também rodado três filmes, “Passe Montagne” (1978), “Double Messieurs” (1986) e “Mischka” (2001), que foram restaurados e passam na secção Riscos. Na sua fita de estreia a realizar, “Passe Montagne”, Stévenin contracena com Jacques Villeret e conta a história da amizade improvável entre dois quadragenários: um arquitecto cujo carro se avaria numa remota aldeia do Jura, e o mecânico que o vai consertar. (Dia 23, 22.15, Cinema Ideal)
“Dead Souls”
De Wang Bing
Ele é o grande cronista das transformações económicas, sociais e culturais que a China está a sofrer, e do seu efeito sobre as pessoas e as comunidades, mas Wang Bing nunca se esquece do passado recente do país. Em “Dead Souls” (secção Da Terra à Lua), o realizador ruma ao Deserto de Gobi, em busca dos sobreviventes das purgas maoístas dos anos 50, que ali foram metidos em campos de reeducação e esquecidos. Muitos morreram de fome ou de doença, mas houve quem resistisse, e Bing foi filmá-los e ouvir as suas histórias, neste colossal filme de quase nove horas de duração. (Dia 21, Culturgest, 10.00)
“Les Tombeaux Sans Nom”
De Rithy Panh
Sobrevivente do genocídio perpetrado pelos Khmeres Vermelhos no Cambodja, instalado em França e autor de documentários de referência sobre esta tragédia, como “S-21, La Machine de Mort Khmère Rouge” ou “A Imagem que Falta”, Rithy Panh continua a explorar o tema em “Les Tombeaux Sans Nom” (Da Terra à Lua). Um rapaz cambodjano de 13 anos que perdeu toda a família às mãos dos comunistas, vai à procura das suas sepulturas. Se é que estas existem. (Dia 21, Culturgest, 21.30 / Dia 25, Cinema Ideal, 18.00)
“Pe San Le”
De Rosa Coutinho Cabral
O poeta simbolista português Camilo Pessanha nasceu em Coimbra, em 1867, e morreu em Macau, em 1926, onde se encontrava desde o início do século XX. O seu livro “Clepsidra” bastou para que fosse considerado um dos mais importantes e influentes da moderna poesia portuguesa. No documentário “Pe San Le” (Da Terra à Lua), Rosa Coutinho Cabral faz um ensaio sobre o exílio voluntário do opiómano Pessanha em Macau. (Dia 19, São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 18.30)
“Friedkin Uncut”
De Francesco Zippel
Uma viagem de quase duas horas pela vida e pelos filmes de William Friedkin, autor de títulos fundamentais do cinema americano, como “Os Incorruptíveis Contra a Droga”, “O Exorcista”, “O Comboio do Medo” ou “Viver e Morrer em Los Angeles”, e autor de um formidável livro de memórias, “The Friedkin Connection”. E o próprio Friedkin é o nosso guia. Passa na secção Heart Beat. (Dia 18, São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 22.00 / Dia 26, São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 18.45).
“Blue Note Records: Beyond the Notes”
De Sophie Huber
A realizadora suíça Sophie Huber assina este documentário (Heart Beat) sobre a história e as histórias de bastidores da lendária etiqueta de jazz Blue Note, recorrendo a imagens e entrevistas de arquivo, conversas actuais e imagens de gravações de discos. Entre muitos outros, ouvimos Thelonious Monk, John Coltrane, Miles Davis, Wayne Shorter, Norah Jones, Herbie Hancock ou Don Was. (Dia 18, Culturgest, 21.15 / Dia 25, Culturgest, 16.15)
“Fotbal Infinit”
De CorneliuPorumboiu
O filme de encerramento do DocLisboa 2018 está a cargo do realizador de títulos de referência do novo cinema da Roménia, como “12:08 a Este de Bucareste” ou “O Tesouro”. Corneliu Porumboiu dá voz, em “Fotbal Infinit”, a Laurentiu Ginghina, irmão de um dos seus melhores amigos de infância, que inventou uma nova série de regras para o futebol, as quais, segundo ele, melhorarão muito o jogo e o tornarão ainda mais bonito. (Dia 27, São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 21.00)