Um militar português ficou ferido esta quarta-feira na sequência de confrontos de várias horas com grupos armados na região de Bambari, na República Centro Africana. O ferimento, sem gravidade, num braço, aconteceu devido ao “contacto com o fogo”, refere fonte militar ao Observador.

A troca de fogo com o grupo armado aconteceu depois de os militares portugueses enviados para aquela região terem sido atacados durante uma patrulha numa “zona quente” onde já se esperava uma reação dos elementos radicais. “Era um ninho de vespas”, resume fonte militar ao Observador.

A mesma fonte explica que se tratava de um grupo composto por “entre 20 a 30 elementos, fortemente armados” e que reagiram quando os militares paraquedistas estavam a patrulhar uma “posição forte” ocupada pelo grupo. Do lado do grupo armado foram registadas “várias baixas” e tudo aponta para uma reação nos próximos dias — quer junto do comando da missão da ONU quer no terreno.

Entretanto, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) confirmou o ferimento e a ação em que os militares da 4ª Força Nacional Destacada (FND) se envolveram. “O confronto da força de paraquedistas com o grupo armado ocorreu durante uma ação de patrulha dos militares portugueses numa zona sensível da cidade de Bambari, conhecida por ser ocupada por elementos armados que ocupam de forma ilegítima habitações e ameaçam a população local, gerando um clima de insegurança e medo”, refere um comunicado enviado pelo EMGFA.

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O mesmo documento acrescenta que, “durante a operação, elementos armados não identificados dispararam deliberadamente contra os paraquedistas portugueses, motivando a pronta resposta da força de forma a garantir a sua segurança e da população na área”.

Sobre o militar ferido, o EMGFA esclarece que se encontra “em situação estável e já teve a oportunidade de falar com a família”, além de estar “a ser acompanhado pela equipa médica da força portuguesa, que avaliou o ferimento como ligeiro, prevendo-se a sua permanência na missão”.

Um militar português ferido com estilhaços de granada na República Centro Africana

Este é o primeiro militar da 4ª FND ferido na missão das Nações Unidas no país (MINUSCA) — destacado na República Centro Africana desde setembro –, mas não é a primeira vez que um militar português fica ferido no decurso da missão. No final de agosto, a uma semana de a 3ª FND regressar a Portugal, um outro militar ficou ferido no olho, ainda que esse ferimento tivesse ocorrido fora de combate. O militar estava a realizar uma “operação de manutenção” da sua arma quando foi atingido por uma peça. Regressou a Portugal por decisão clínica mas acabou por receber alta pouco depois.

Antes desse episódio, em abril deste ano, um outro militar, também paraquedista da 3ª FND, ficou com ferimentos depois de ser atingido pelos estilhaços de uma granada, no decurso de combates com grupos armados.

Portugal integra a missão das Nações Unidas na República Centro Africana desde o início de 2017. Depois de duas missões de seis meses, realizadas por militares da força de Comandos do Exército, foram projetadas duas forças de militares paraquedistas, a última das quais em setembro.

Paraquedistas na República Centro Africana. Treinar para descer ao inferno