Donald Trump garante que o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi não vai mudar a relação dos Estados Unidos com a Arábia Saudita. “Eles têm sido um grande aliado na nossa luta importante contra o Irão”, disse o presidente norte-americano num comunicado divulgado esta terça-feira pela Casa Branca.

Trump classificou o assassinato do jornalista como “um crime terrível” que o país “não tolera” e afirmou que foram tomadas “medidas firmes contra aqueles que já se sabe que participaram no assassinato“. “Os representantes da Arábia Saudita dizem que Jamal Khashoggi era um ‘inimigo do Estado’ e um membro da Irmandade Muçulmana, mas a minha decisão não se baseia, de todo, nisso — este é um crime inaceitável e horrível”, disse ainda o líder norte-americano, acrescentando que os agentes “continuam a avaliar todas as informações”. O príncipe herdeiro da coroa esteve envolvido? “Podia muito bem ter conhecimento deste evento trágico – talvez ele tivesse conhecimento ou talvez não tivesse!”, respondeu Trump.

Jamal Khashoggi entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul no dia 2 de outubro para pedir uns documentos que lhe permitiriam casar com uma cidadã turca. Um grupo de 15 homens já estaria à sua espera e acabaria por matá-lo com uma injeção letal, segundo o procurador da Arábia Saudita. A morte do jornalista terá sido premeditada e, na semana passada, o Ministério Público saudita pediu a pena de morte para cinco suspeitos do seu homicídio.

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Depois dos Estados Unidos, a Arábia Saudita é a maior nação produtora de petróleo no mundo. Eles trabalharam proximamente connosco e têm sido bastante recetivos aos meus pedidos para manter os preços do petróleo em níveis razoáveis — tão importantes para o mundo. Como presidente dos Estados Unidos, pretendo assegurar que, num mundo tão perigoso, a América segue os interesses nacionais e contesta vigorosamente todos os países que nos querem fazer mal. É muito simples, chama-se América primeiro”, disse ainda Donald Trump.

“Talvez nunca se saibam todos os factos relacionados com o homicídio de Jamal Khashoggi. Em qualquer dos casos, a nossa relação é com o reino da Arábia Saudita, destacou Trump, sublinhando ainda: “Os Estados Unidos pretendem continuar a ser um parceiro firme da Arábia Saudita para garantir os interesses do nosso país, de Israel e de todos os outros parceiros da região. O nosso principal objetivo é eliminar completamente a ameaça do terrorismo no nosso mundo!”

Desde a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, em 2016, a relação do país com a Arábia Saudita mudou substancialmente. Foi em território saudita, recorde-se, que o presidente norte-americano fez a sua primeira visita internacional, uma escolha que pretendia mostrar respeito pela região, depois de meses de uma dura campanha de retórica antimuçulmana. No decorrer da visita de Estado a Riad, Trump celebrou um negócio de venda de armas aos sauditas avaliado em 110 mil milhões de dólares, em carros de combate, jatos de combate, navios de guerra e sistemas de mísseis. Já em março de 2017, os Estados Unidos decidiram retomar as vendas de bombas inteligentes (guiadas a laser) para a Arábia Saudita, que tinham sido bloqueadas por Barack Obama.

Leia o comunicado na íntegra: 

O crime contra Jamal Khashoggi foi um crime terrível e que o nosso país não tolera. De facto, tomámos medidas firmes contra aqueles que já se sabe que participaram no assassinato. Depois de uma grande pesquisa independente, sabemos agora muitos detalhes deste crime horrível. Já sancionámos 17 sauditas que estiveram envolvidos no homicídio de Khashoggi e que, mais tarde, se livraram do seu corpo.

Os representantes da Arábia Saudita dizem que Jamal Khashoggi era um “inimigo do Estado” e um membro da Irmandade Muçulmana, mas a minha decisão não se baseia, de todo, nisso — este é um crime inaceitável e horrível. O rei Salman e o príncipe herdeiro da coroa Mohammad bin Salman negam vigorosamente ter qualquer conhecimento da execução do plano do assassinato de Khashoggi. Os nossos agentes continuam a avaliar todas as informações, mas o príncipe herdeiro da coroa podia muito bem ter conhecimento deste evento trágico — talvez ele tivesse ou talvez não tivesse!

Dito isto, talvez nunca se saibam todos os factos relacionados com o homicídio de Jamal Khashoggi. Em qualquer dos casos, a nossa relação é com o reino da Arábia Saudita. Eles têm sido um grande aliado na nossa luta importante contra o Irão. Os Estados Unidos pretendem continuar a ser um parceiro firme da Arábia Saudita para garantir os interesses do nosso país, de Israel e de todos os outros parceiros da região. O nosso principal objetivo é eliminar completamente a ameaça do terrorismo no nosso mundo!

Entendo que haja membros do Congresso que, por razões políticas ou outros motivos, gostariam de ir numa direção diferente — e estão livres de o fazer. Vou considerar quaisquer ideias que me sejam apresentadas, mas apenas se forem consistentes com a segurança absoluta da América. Depois dos Estados Unidos, a Arábia Saudita é a maior nação produtora de petróleo no mundo. Eles trabalharam proximamente connosco e têm sido bastante recetivos aos meus pedidos para manter os preços do petróleo em níveis razoáveis — tão importantes para o mundo. Como Presidente dos Estados Unidos, pretendo assegurar que, num mundo tão perigoso, a América segue os interesses nacionais e contesta vigorosamente todos os países que nos querem fazer mal. É muito simples, chama-se América primeiro!