O Ministério Público e o Banco de Portugal estão a investigar o aumento de capital da caixa económica Montepio Geral realizado em 2013, quanto a instituição era presidida por António Tomás Correia. A notícia é avançada pela RTP e antecipou uma reportagem emitida esta quarta-feira no Telejornal.

A operação em causa passou por um aumento de capital de 200 milhões de euros, em plena crise financeira e bancária, que foi concretizado através da emissão de unidades de participação. As suspeitas em investigação referidas pela RTP, e que já foram noticiadas no passado, resultam dos financiamentos concedidos pelo Finibanco Angola, uma instituição então controlada pelo Montepio, a investidores que vieram a comprar as unidades de participação e assim garantir o sucesso do aumento de capital.

A gestão liderada por Tomás Correia já foi alvo de dois processos de contraordenação por parte do Banco de Portugal que estão em fase de decisão final depois do contraditório e onde já seria visada esta operação, segundo notícia do Jornal de Negócios. 

Agora a RTP conta que esses empréstimos no valor de 35 milhões de euros foram atribuídos poucos dias antes do prazo limite para a realização do aumento de capital e o que dinheiro foi usado para financiar a operação, depois de ter sido transferido para a conta do Montepio no Finibanco Angola. A estação televisiva adianta ainda que a administração liderada por Tomás Correia conhecia estes financiamentos e que permitiu fossem contabilizados como parte do capital próprio do banco.

O maior destes empréstimos, no montante de 20 milhões de euros, terá sido concedido ao filho do empresário da construção José Guilherme, que assim passou a ser um dos principais subscritores desta emissão. José Guilherme é também o empresário que entregou 14 milhões de euros a Ricardo Salgado quando era presidente do Banco Espírito Santo, o que foi explicado pelo ex-banqueiro como tendo sido uma “liberalidade” (prenda). A RTP diz que para além de Paulo Guilherme, filho de José Guilherme, houve outro empréstimo do Finibanco Angola ao sogro deste.

A notícia desta investigação surge em véspera de eleições para associação mutualista Montepio, a cuja presidência Tomás Correia volta a concorrer. A RTP confirma que esta operação já tinha sido investigada no passado pelo supervisor bancário que terá obrigado a caixa económica a corrigir os capitais próprios. Tomás Correia abandonou a presidência da caixa económica em 2015 quando estas operações já estariam a ser investigadas no Banco de Portugal.

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