O comandante distrital de operações de socorro de Évora, José Ribeiro, disse esta quinta-feira que as vítimas do deslizamento de terras e colapso de uma estrada junto a uma pedreira em Borba vão ser procuradas por cães das autoridades. As equipas cinotécnicas vão atuar para já no local em que se suspeita que se encontre o corpo da segunda vítima mortal.

Na conferência de imprensa em que fez o ponto de situação sobre os trabalhos, José Ribeiro explicou está a ser feita durante esta quinta-feira uma “ação de busca e reconhecimento” com recurso a um veículo submarino equipado com sonar, da Marinha Portuguesa, para fornecer “uma avaliação com mais pormenor do fundo da pedreira”. O recurso a este equipamento ocorre depois de ao terceiro dia de buscas não ter sido recuperado o corpo da segunda vítima mortal confirmada nem terem sido encontradas as três pessoas que continuam desaparecidas.

Sabe-se que esta quinta-feira nenhum mergulhador vai entrar na pedreira, uma vez que a sua encosta está muito instável, como já antes havia confirmado o comandante dos bombeiros de Borba em conferência de imprensa. Refira-se ainda que, de momento, existem três bombas a tirar a água da pedreira.

Ainda durante a tarde deverá juntar-se às operações um outro equipamento do Instituto Hidrográfico para contribuir para o reconhecimento do fundo da pedreira. “Os mergulhadores não vão regressar enquanto estes equipamentos não nos derem alguma informação” sobre o fundo da pedreira”, disse o comandante José Ribeiro.

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Vão também ser instalados equipamentos nas escarpas da pedreira para monitorizar em tempo real eventuais deslizamentos de terra. Mais tarde, poderá recorrer-se a deslizamentos de terras e rochas de forma controlada, afirmou o responsável.

Equipamento utilizado pela primeira vez num lugar tão pequeno

Para já, a operação com as equipas cinotécnicas vai decorrer em simultâneo com as buscas com o sonar da Marinha.

“A Marinha vai enviar uma equipa com seis elementos – dois oficiais, um sargento e três praças mergulhadores – e equipamento. O equipamento será um veículo submarino com controlo remoto e algum equipamento de mergulho”, disse à agência Lusa o comandante Fernando Fonseca, porta-voz da Marinha.

Segundo Fernando Fonseca, este submarino com controlo remoto é, normalmente, utilizado no mar, rios e algumas albufeiras e tem como principal função descobrir minas que estejam fundeadas.

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O porta-voz da Marinha referiu que a utilização do equipamento numa zona tão confinada como é a pedreira levanta algumas dúvidas quanto ao sucesso da operação, uma vez que este necessita de “algum espaço para poder ganhar as referências no seu sistema de navegação”.

“O facto de ser uma zona tão confinada poderá não ser possível o equipamento estabilizar. Se tiverem sucesso em fazer o alinhamento do sistema de navegação, vão tentar que o sonar, que faz a busca pela projeção do som dentro de água, possa detetar as viaturas e passar a informação”, frisou.

O comandante Fernando Fonseca afirmou que é a primeira vez que vai ser efetuada uma operação com este equipamento numa zona tão confinada e que existe “alguma apreensão na forma como poderá funcionar”.

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A chegada dos militares a Borba, no distrito de Évora, estava agendada para cerca das 7h30, para participarem depois num briefing, antes de começarem a atuar no terreno.

O deslizamento de um grande volume de terra na estrada 255, que provocou “a deslocação de uma quantidade muito significativa de rochas, de blocos de mármore e de terra” para o interior de pedreiras contíguas, ocorreu às 15h45 de segunda-feira.

O acidente, de acordo com a Proteção Civil, provocou, pelo menos, dois mortos — os ocupantes de uma máquina escavadora que operava na pedreira —, além de haver três pessoas desaparecidas.

Empresas e pessoas querem apoiar bombeiros

Os Bombeiros de Borba estão a receber desde segunda-feira mensagens para cedência de material técnico e oferta de produtos alimentares de todo o país e do estrangeiro, na sequência do acidente na pedreira pedreira e do colapso da estrada.

Segundo um dos dirigentes da corporação Paulo Ferreira, empresas e pessoas a título individual têm-se disponibilizado para ceder máquinas, mangueiras, geradores e transportes, além da oferta de alimentos e água.

Fazendo questão de agradecer, em nome dos bombeiros, as mensagens de solidariedade e as ofertas, Paulo Ferreira disse que, se por acaso as pessoas ou as empresas não receberam feedback, “é porque, por enquanto, não é necessário o que se propuseram a ceder ou a oferecer”.