Pelo menos oito mil barris de petróleo foram derramados na Amazónia peruana, após o ataque perpetrado contra um oleoduto na terça-feira, informou esta quinta-feira o presidente da empresa estatal petrolífera Petroperú, James Atkins. O presidente disse à agência oficial de notícias Andina que “o dano ecológico é tremendo e irreparável”, porque o petróleo atingiu o rio Mayuriaga e acabará por chegar ao rio Amazonas.
O corte no oleoduto ocorreu ao quilómetro 193 da infraestrutura, a 500 metros da comunidade de Mayuriaga, na região amazónica de Loreto, levado a cabo por pessoas insatisfeitas com os resultados das eleições municipais realizadas há cerca de um mês.
Os autores do ataque sequestraram, há duas semanas atrás, 20 trabalhadores da Petroperú numa estação petrolífera da zona e, ao saírem das instalações, deixaram uma mensagem escrita na qual ameaçavam que iriam danificar o oleoduto, caso os resultados das eleições não fossem anulados, relatou James Atkins.
Perante esta ameaça, a Petroperú suspendeu o bombeamento de crude através do oleoduto, mas, ainda assim, as condutas e tubos tinham alguma pressão no momento em que foi cortado. O presidente da Petroperú adiantou que 70% dos danos que o oleoduto sofreu nos últimos quatro anos “foram através deste tipo de ataque”.
“Creio que chegou a hora de a lei ser aplicada, porque deve ser igual para todos os peruanos. O oleoduto é considerado um ativo nacional crítico e, de acordo com a lei, qualquer pessoa que o danifique deve ter uma sentença de prisão de seis a dez anos”, disse.
Os autores do ataque ao oleoduto denunciam irregularidades por parte do Partido Restauração Nacional, que venceu a eleição no município de Morona, em Loreto, região que faz fronteira com o Brasil. O oleoduto no qual ocorreu o ataque, denominado “Nor Peruano”, em operação desde 1977, transporta o petróleo extraído na selva peruana até ao terminal portuário de Bayóvar, no oceano Pacífico, através de 1.106 quilómetros de tubos que cruzam a Amazónia e a cordilheira dos Andes.
A instalação esteve parada durante cerca de um ano, para manutenção, depois de uma dezena de fugas nas condutas, provocadas por cortes, na sua maioria, feitos por habitantes das aldeias vizinhas.