Dois médicos estão a ser investigados por homicídio por negligência relativamente à morte de Davide Astori, jogador da Fiorentina que morreu no passado mês de março devido a uma paragem cardiorrespiratória. O Ministério Público de Florença, em Itália, emitiu esta segunda-feira uma nota onde revela a existência de uma investigação aos profissionais de saúde responsáveis por confirmar a aptidão física do italiano nos últimos anos.
Segundo o La Nazione, Astori foi submetido a um eletrocardiograma em julho de 2016 e a outro em julho do ano seguinte. Nas provas de esforço desses exames, foi detetada a presença de extrasístoles ventriculares: ou seja, o capitão da Fiorentina sofria de um problema cardiovascular que provocava a aceleração do ritmo cardíaco. A condição, contudo, é bastante comum e não merece preocupação de relevo. O procedimento habitual é a realização de uma nova bateria de exames com vista a perceber se o problema já provocou danos no coração e se terá, inclusive, causado questões adicionais. Ora, terá sido esta segunda vaga de exames que Davide Astori nunca fez e que é agora o motivo principal para a abertura da investigação aos dois médicos.
De recordar que a polícia italiana chegou a abrir um inquérito judicial à morte de Astori, que foi encontrado morto num quarto de hotel em Udine, para averiguar a possibilidade de se ter tratado de um homicídio. A hipótese acabou por ser afastada e a morte do jogador da Fiorentina foi mesmo atribuída a causas naturais. A presença de extrasístoles ventriculares, contudo, é a principal causa de morte de atletas em atividade e foi na sequência deste mesmo problema que Antonio Puerta, lateral do Sevilha, morreu em 2007 aos 22 anos, depois de sofrer várias paragens cardiorrespiratórias durante um jogo com o Getafe.
Davide Astori, nascido em San Giovanni Bianco, na província de Bérgamo, tinha 31 anos e jogava na Fiorentina desde 2015, depois de passagens pelo AC Milan, clube em que se formou, Pergolettese, Cremonese, Cagliari e Roma. A equipa de Florença estava hospedada num hotel de Udine, em estágio para um jogo com a Udinese, e os colegas de Astori começaram a estranhar o facto de o jogador não descer a tempo do pequeno-almoço. Depois de vários companheiros de equipa tentarem contactar o italiano através de chamadas telefónicas, este acabou por ser encontrado morto pelo massagista da Fiorentina. O corredor do hotel encheu-se de colegas em choque, debruçados sobre si próprios, a chorar a morte do seu capitão.
Dias depois da morte de Astori, o Cagliari e a Fiorentina anunciaram que iriam retirar a camisola 13 que tinha sido usada pelo jogador. “Para honrar a sua memória e tornar permanente a lembrança de Davide Astori, o Cagliari e a Fiorentina decidiram retirar, de forma conjunta, a camisola com o número 13”, escreveu a equipa viola no Twitter.
In honour of Davide #Astori's memory, @CagliariCalcio and #ACFFiorentina have decided to retire the No.13 shirt. #DA13⚜️ pic.twitter.com/fwuiCXjzL4
— ACF Fiorentina (@acffiorentina) March 6, 2018