O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, ameaçou esta segunda-feira o presidente do Governo regional da Catalunha com o envio de elementos da Polícia Nacional para a região, caso a polícia regional, os Mossos d’Esquadra, não garantam a ordem pública. Esta tomada de posição do governo espanhol surge um dia depois de o presidente do governo regional da Catalunha, Quim Torra, ter sugerido este fim-de-semana a aplicação da via eslovena (que acabeou por resultar numa guerra com dezenas de mortos) para conseguir a independência.

Presidente do governo regional da Catalunha sugere guerra para chegar à independência

Sánchez enviou três cartas à Generalitat (governo regional catalão) com a sua posição: uma ao vice-presidente da Catalunha, Pere Aragonés, outra ao ministro regional das Obras Públicas, José Luis Ábalos, e uma última ao titular regional do Interior, Fernando Grande-Marlaska. Em causa está a falta de atuação dos Mossos nos cortes de estrada — em forma de protesto — que se registaram no passado fim de semana na Catalunha.

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Estes cortes de estrada foram protagonizados pelos CDR (Comités de Defesa da República) órgãos populares, incentivados pelos setores independentistas, que promovem de forma ativa a via da independência defendida pela Generalitat (e pela anterior, liderada por Carles Puigdemont).

A carta mais dura e agressiva foi a dirigida ao ministro regional do Interior. Nela, o executivo espanhol frisou o artigo da lei “Corpos e Forças de Seguridade do Estado”, que permite ao governo enviar elementos da Polícia Nacional espanhola à região catalã caso os Mossos não garantam a segurança dos cidadãos. Não se trata da aplicação do artigo 155 (como fez o anterior governo, de Mariano Rajoy) porque a Polícia não ficaria com controlo sobre os Mossos, mas representa mais uma avolumar da desconfiança para com o governo catalão.

A desordem na Catalunha e a defesa pública de Quim Torra pela “via eslovena” fez com que a posição do governo espanhol mudasse completamente a sua linguagem face à Catalunha. Além da posição administrativa do governo espanhol para controlar a situação, a advocacia ao serviço do Estado espanhol está a estudar medidas para que Torras cesse funções, noticia o El Mundo. 

A tensão vivida na Catalunha já impediu a circulação de pessoas e mercadorias e está a ser apelidado de “inadmissível”, “intolorável” e “irresponsável” pelo executivo espanh0l. O Governo anunciou ainda que dia 21 se realizará um conselho de ministros em Barcelona.

O governo espanhol enfrente uma tempestade perfeita na Catalunha, escreve o El País. Uma semana depois do fiasco nas eleições andaluzas (que pode levar à queda do PSOE na região pela primeira vez em 36 anos, vários setores do PSOE temem agora que a crise catalã lhes arruíne as expectativas eleitorais. No meio disto, o independentismo catalão iniciou uma escalada com duas vertentes: os cortes de estrada por parte dos Comités de Defesa da República (CDR) — que cortaram importantes vias de circulação — e a posição de Quim Torra, que não só tem exigido aos Mossos que não atuem contra os CDR, como tem defendido todas as consequências da “via eslovena”, que resultou em 74 mortos após um referendo de auto-determinação.

Sánchez está no poder depois de ter promovido uma moção de censura ao PP de Mariano Rajoy. Foi eleito primeiro-ministro com o apoio do Podemos (extrema-esquerda) e de vários grupos parlamentares independentistas catalães.