Longe vai o tempo em que Lady Gaga surpreendia, ao mesmo tempo que desconcertava na passadeira vermelha. Os vestidos de carne e os visuais de inspiração alienígena ficaram lá atrás, bem como aquelas dedicatórias aos seus little monsters (fossem eles quem fossem). Para o bem e para o mal, Gaga fez-se uma senhora e, agora, as extravagâncias são outras, nomeadamente, exibir a cauda mais longa da noite, na 76ª edição dos Globos de Ouro. Em Beverly Hills, na Califórnia, a protagonista de Assim Nasce Uma Estrela exibiu um volumoso vestido azul, criação de alta-costura da casa italiana Valentino. A escolha não foi inédita — em setembro, a cantora e atriz de 32 já tinha pisado a red carpet do Festival de Veneza com um vestido de plumas saído do mesmo atelier.
Sem texturas nem penugem ao vento, Gaga chegou a Beverly Hills pronta a esmagar a concorrência, valendo-se apenas do tamanho do seu vestido (é preciso acrescentar-lhe o brilho dos diamantes da Tiffany & Co. que levou ao pescoço e a altura das plataformas Giuseppe Zanotti). O azul céu tomou conta de tudo, até do cabelo, cuja cor voltou a dar sentido à bela expressão “puxar o tom”. Pode ter parado o trânsito no famoso tapete encarnado, mas isso não foi o suficiente para ganhar o jogo das mais bem vestidas. Terá conseguido, pelo menos, um lugar no pódio? É bem possível.
Mas para falar em pódio é preciso falar de Lupita Nyong’o e do vestido Calvin Klein, no qual teríamos dado um dedo mindinho para passar a mão. O Vera Wang da atriz Alison Brie também causou a melhor das impressões. O modelito quase caiu no aborrecimento de um vestido de baile comum, daqueles que levam um carregamento inteiro de tule, mas acabou por ser salvo pelo uso estratégico das lantejoulas. Vistas bem as coisas, pode dizer-se que o azul ganhou a noite.
De branco, Dakota Fanning deu um toque angelical à passadeira vermelha. Já a atriz Kaley Cuoco, que confessou ser uma fã incondicional de bolsos, desfilou aparentemente confortável numa criação de Monique Lhuillier. Em Christian Dior, Charlize Theron não desiludiu, embora, na verdade, nunca tenha existido margem para fazê-lo.
Como em quase todas as passadeiras vermelhas, os piores looks foram extremamente importantes. Ao lado deles, os medianos ficaram claramente mais satisfatórios, enquanto os bons se tornaram espetaculares. Anne Hathaway, que até costuma mostrar alguma consistência na forma como se apresenta neste tipo de ocasiões, acertou ao lado. Olhando para o quadro geral da noite, aquele Elie Saab com estampado animal ficou-se pelo aspeto barato. Oxalá tenha sido, de outra forma é chato.
De Heidi Klum já esperamos tudo. Desta vez, a ex-manequim ficou-se por um vestido preto, com umas flores duvidosas dispostas sem grande harmonia. A obra-prima é de Monique Lhuillier, um caso que, decididamente, merece ser estudado. A designer vestiu sete convidadas para os Globos de Ouro e disparou em tantas direções que o mau resultado de umas anulou os pontos marcados com outras. No final, ficou a zeros.
Na fotogaleria, reunimos os looks que marcaram a 76ª edição dos Globos de Ouro. Para os melhores e para os piores, isto é só o início. A época das passadeiras vermelhas ainda agora começou.