O homem que liderou a equipa de transição de Donald Trump, tendo sido entretanto afastado, vem agora acusar Jared Kushner de ter sido o responsável pela sua saída do cargo logo em novembro de 2016. O “golpe”, segundo Chris Christie, terá sido um acto de vingança do genro e conselheiro próximo do presidente norte-americano que viu o seu pai cumprir um ano de prisão num processo em que Christie era o advogado do Estado.

O antigo governador de New Jersey conta pormenores do momento em que foi afastado do cargo, em 2016, e que o papel de Jared Kusjner nessa decisão foi confirmado pelo diretor de campanha de Trump, Steve Banon. O episódio vem relatado no livro que Chris Christie está prestes a lançar, com o título “Deixem-me terminar”, e que o The Guardian avança esta terça-feira.

No dia em que foi afastado, Christie exigiu a Banon, numa reunião na Trump Tower, explicações sobre a decisão que acabava de ser tomada. A explicação oficial, adiantada pela comunicação social nos dias seguintes, cingiu-se ao impacto da polémica em que o então governador de New Jersey tinha estado envolvido quando membros do seu gabinete planearam fechar algumas portagens na ponte George Washington para provocar um engarrafamento e responsabilizar o mayor de Fort Lee, que não tinha apoiado Christie quando este se recandidatou a governador. No entanto, quando Christir questionou Banon sobre a decisão, o diretor de campanha “deixou claro que um pessoa e apenas uma pessoa era responsável pela execução sem rosto que ele estava a levar a cabo”.

Desde que aqui cheguei que o miúdo está a tentar prejudicar-te junto do chefe”, terá dito Banon a Christie em 2016 para justificar o seu afastamento da equipa de transição.

Jared Kushner, diz agora Christie, “ainda estava a ferver com o que tinha acontecido dez anos antes”. Em causa estava um episódio antigo em que Christie representou o Estado, como advogado, contra Charles Kushner, pai de Jared, acusado de adulteração de testemunhas num outro caso em que era suspeito de fraude fiscal. Os contornos da história são bizarros, segundo relata o The Guardian: Charles pagou a uma prostituta para se envolver com o seu cunhado enviando, mais tarde, o vídeo para a sua própria irmã como forma de chantagear a família a não testemunhar contra si no caso das atividades fraudulentas.

O autor do livro garante que Jared “insinuou” que o seu comportamento no julgamento tinha sido “anti-ético e inapropriado, mas não tinha um facto onde pudesse apoiar-se”, apenas o “ressentimento” que estava contido há 12 anos. No livro é ainda feita referência à intervenção de Donald Trump para tentar serenar ânimos, propondo um jantar entre todos, mas Jared terá recusado.

Outro dos alvos de Christie no livro é Michael Flynn, o antigo assessor para a Segurança Nacional de Donald Trump, que apelida de “lacaio russo e futuro criminoso federal”. Flynn mentiu ao FBI sobre as conversas que teve com o embaixador russo em Washington, Sergueï Kisliak, na investigação às intereferências russas na campanha eleitoral de 2016. O autor do livro chama-lhe agora um “acidente de carro em câmara lenta”. 

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