O documentário Leaving Neverland estreou no festival de cinema Sundance a 25 de janeiro. Nele, são descritos ao detalhe abusos sexuais de menores alegadamente protagonizados por Michael Jackson. Agora, a família do cantor que faleceu há quase 10 anos — a 25 de junho de 2009 — vem a público defendê-lo e acusar o documentário da cadeia HBO assinado por Dan Reed, que retrata o rei da Pop como um pedófilo, de “linchamento público”.

Estamos furiosos que os meios de comunicação, sem rasto de prova ou evidência física, tenham decidido acreditar na palavra de dois mentirosos comprovados ao invés da palavra de centenas de familiares e amigos de todo o mundo que passaram tempo com Michael, muitos em Neverland, e que experimentaram a sua amabilidade lendária e generosidade global”, lê-se no comunicado enviado pelos Jackson, citado pelo espanhol El Mundo.

É neste mesmo jornal que se encontra um artigo onde se coloca a pergunta: “Pode-se continuar a admirar o trabalho de um artista depois de se saber que foi, acima de qualquer outra definição mais ou menos apressada, apenas um monstro? Isso ou apenas um homem doente.” A publicação Variety apresenta uma postura semelhante, ao escrever que o documentário mostra um “testemunho devastadoramente poderoso e convincente de que Michael Jackson era culpado de abuso sexual infantil”. A Rolling Stone assegura ainda que este documentário é uma “bomba” e que deixou a audiência chocada aquando da estreia.

O documentário em questão centra-se no testemunho de duas crianças, hoje dois homens com mais de trinta anos — Wade Robson e James Sfechuck — que já antes tinham apresentado queixas contra o cantor, em 2013 e em 2014, mas ambos os casos acabariam por ser arquivados. O duo descreve agora num filme de quatro horas os abusos alegadamente cometidos em Neverland, o rancho californiano que chegou a ter um parque de atrações e um zoo.

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Documentário sobre Michael Jackson e alegados abusos sexuais de menores vai estrear-se em Sundance

Robson, coreógrafo e bailarino australiano, tinha apenas cinco anos quando conheceu Jackson; Safechuck tinha 8 e cruzou-se com o artista quando participava num anúncio para a marca de refrigerantes Pepsi. O El Mundo descreve que os encontros sucederam-se, seguidos dos abusos que terão durado anos. Em vídeo, ambos relatam esses encontros de teor sexual e contam que Michael Jackson os despia, masturbava-se diante deles e mostrava-lhes recorrentemente pornografia. “De cada vez que estávamos juntos, acontecia. Começou com toques, depois passou a beijar-me, a beijar com a língua e depois sexo oral“, conta o australiano. Os autores do documentário, por seu lado, sugerem que estas estão longe de ser as únicas vítimas.

Michael Jackson terá pedido às duas crianças que as relações se mantivessem em segredo. Na longa-metragem no centro da renovada polémica, as duas testemunhas contam ainda que no rancho existia um sistema de alarmes para que o cantor não fosse descoberto.

Em 2005, Michael Jackson foi absolvido em tribunal de queixas de abuso sexual de menores na sequência de um julgamento mediático. O caso tinha por base a denúncia feita por Gavin Arvizo, que dizia ter sido abusado pelo cantor depois de este lhe ter administrado “um agente intoxicante”.