O apoio que o Governo de Portugal tem estado a dar a Moçambique, na sequência do ciclone Idai, vai a partir de agora centrar-se mais na área da Saúde, disse hoje o secretário de Estado da Proteção Civil.

José Artur Neves fez à Agência Lusa um balanço de uma visita de uma semana à Beira, no dia em que regressa a Portugal e depois de ter oficialmente oferecido ao Estado moçambicano, em nome do Governo português, um equipamento de purificação de água para a vila de Buzi.

O responsável explicou que vão ser desmobilizados vários dos operacionais portugueses que estão em Moçambique, como bombeiros e alguns elementos da GNR.

A maior parte da força portuguesa na Beira estava a apoiar a população isolada de Buzi, uma vila do centro de Moçambique cuja ligação por terra esteve cortada devido às cheias provocadas pelo ciclone Idai de dia 14 e que este fim de semana volta a ter ligação por estrada.

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“Essa zona de Buzi vai ter ligação terrestre” e o trabalho dos portugueses em transportar alimentos e medicamentos por barco deixa de ser necessário e esses operacionais “podem ser desmobilizados”, disse o secretário de Estado.

José Artur Neves justificou assim a decisão de desmobilização nos “próximos dias”: “aquilo para o qual eles vinham preparados, que era busca e resgate aquático”, tanto os bombeiros de Santarém como a equipa da Força Especial de Bombeiros, não foi necessário “porque rapidamente as águas baixaram”.

Em alternativa, transportaram por barco abastecimentos para a vila, operação “de grande utilidade”, que agora com a ligação terrestre deixa de ser necessária.

Na entrevista, o secretário de Estado disse que vão permanecer em Moçambique, no entanto, os profissionais que, com drones, estão a fazer um levantamento cartográfico de zonas afetadas pelo ciclone, bem como os que estão a auxiliar na purificação de água.

O responsável salientou que hoje mesmo chega a Moçambique um hospital de campanha do INEM, “validado e certificado recentemente pelo Mecanismo Europeu de Proteção Civil”, acompanhado de 28 operacionais, entre médicos, auxiliares, e enfermeiros, que se vão instalar junto do centro de saúde da localidade de Mafambisse, a cerca de 30 quilómetros da cidade da Beira.

“A partir de agora a vertente de ajuda mais premente, necessária, tem a ver muito com a saúde, daí a importância deste equipamento chegar agora”, salientou.

Sobre a semana que passou na Beira, o responsável salientou os contactos com as autoridades moçambicanas, o agradecimento destas ao apoio dado por Portugal, lembrou a repatriação de sete portugueses e frisou o facto de o comando operacional da Força Conjunta da Proteção Civil “ter assento nos briefings” diários das autoridades locais.

O vice-ministro para a Energia, acrescentou, também “deu nota do excelente trabalho” de uma equipa da EDP no sentido da reestruturação das ligações elétricas.

De todas as ações levadas a cabo por portugueses o secretário de Estado salientou uma do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR, que foi a instalação de um equipamento para purificação da água.

“Sentimos a importância daquela água pura a ser distribuída pela população”, disse, salientando que a população está a afluir ao local para “encher vasilhame”.

É “gratificante sentir, na verdade, que a nossa força estava a prestar um serviço essencial para saúde de todos. Sem aquela água a alternativa era beber água do rio”, disse José Artur Neves, acrescentando que chegou a ver, na visita a Buzi, pessoas a beber água do rio.

O secretário de Estado, em representação do Governo, não só ofereceu o equipamento para purificação da água, como garantiu às autoridades locais que os militares da GNR que o operam só sairiam de Buzi “quando tivessem a certeza de que os três homens indicados pela administração do território para operarem com o equipamento estivessem bem preparados”.

E haverá também, referiu, uma ligação permanente entre a administração do território e estruturas em Portugal para poder fazer chegar a Buzi consumíveis necessário para a operação de purificação.

José Artur Neves fez o balanço depois de visitar a Escola Portuguesa, também ela danificada pelo ciclone Idai e que tem cerca de 135 alunos, até ao nono ano.

Maria Emília Martins, responsável pelo primeiro ciclo, disse que parte elétrica ficou danificada e que foram arrancadas telhas. Duas salas estão inoperacionais.

As aulas estiveram interrompidas uma semana. A Câmara Municipal do Porto vai apoiar a reconstrução.