O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, diz que só aceita reunir-se com Donald Trump pela terceira vez se o presidente norte-americano mudar de atitude face àquele país, noticia este sábado a agência Reuters, citando a imprensa estatal norte-coreana.

Esta semana, o presidente Trump admitiu “possíveis futuras reuniões” com o líder da Coreia do Norte, após um encontro com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, na Casa Branca. Em resposta, Kim Jong-un disse que é preciso que os EUA se aproximem da Coreia do Norte com uma nova estratégia.

A arte do negócio de Trump não chegou para convencer Kim — mas o processo é longo

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Os dois líderes encontraram-se pessoalmente pela primeira vez em junho de 2018, em Singapura. Em fevereiro deste ano, a segunda cimeira, em Hanói, criou grandes expectativas sobre um possível acordo entre Trump e Kim para a desnuclearização da península coreana. Porém, a cimeira não teve sucesso, acabando por terminar antes do previsto sem que qualquer acordo fosse alcançado.

O falhanço do segundo encontro levou a liderança norte-coreana a repensar a estratégia, temendo que a tensão possa escalar até aos níveis do passado. Por isso, num discurso feito esta sexta-feira perante a Assembleia Popular Suprema, Kim deu ao presidente Trump “até ao final deste ano” para pensar se quer ou não voltar a reunir-se com ele e em que moldes.

“O que é preciso é que os Estados Unidos acabem com a sua atual forma de pensar, e venham connosco com uma nova forma de pensar”, disse Kim.

“A segunda cimeira entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos da América, em Hanói em fevereiro, levantou fortes questões sobre se os passos que demos à luz da nossa decisão estratégica estavam corretos, e deram-nos um sentimento de cautela sobre se os Estados Unidos estão mesmo a tentar melhorar a relação entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos”, acrescentou.

Para Kim Jong-un, só vale a pena uma terceira reunião com Trump se for diferente da que aconteceu em Hanói: “Os EUA disseram recentemente que estão a pensar numa terceira cimeira Coreia do Norte-EUA e têm defendido fortemente a resolução dos problemas através do diálogo. Mas eles continuam a ignorar os princípios básicos das novas relações Coreia do Norte-EUA, incluindo o abandono de políticas hostis, e enganam-se ao pensar que se nos pressionarem ao máximo nos podem subjugar”.

Trump quer “ver a Coreia do Norte tornar-se numa das nações mais bem sucedidas do mundo”

Depois da notícia sobre as declarações de Kim Jong-un, o presidente dos EUA, Donald Trump, reagiu, sublinhando que a relação entre os países “permanece muito boa” — até “excelente” — e mostrou-se confiante no sucesso económico da Coreia de Kim.

“Concordo com Kim Jong-un da Coreia do Norte que a nossa relação pessoal permanece muito boa, talvez o termo excelente ainda fosse mais exato, e que seria bom que numa terceira cimeira entendêssemos completamente em que pé está cada um de nós”, escreveu Trump no Twitter.

“A Coreia do Norte tem um potencial enorme para um crescimento extraordinário, sucesso económico e riqueza sob a liderança do presidente Kim. Espero pelo dia, que poderá ser em breve, em que as armas nucleares e as sanções possam ser levantadas, e por ver a Coreia do Norte tornar-se numa das nações mais bem sucedidas do mundo”, acrescentou.