O secretário-geral do PS, António Costa, disse este domingo que o “PSD merece um voto de censura nestas eleições europeias” pelo “descaramento” de ter voltado a apresentar um cabeça-de-lista que “nada fez por Portugal e pelos portugueses”.

“É preciso ter memória e não esquecer. E é preciso ter um grande descaramento para, pela terceira vez, apresentarem um cabeça-de-lista que nada fez por Portugal e pelos portugueses”, disse António Costa, sem nunca referir o nome de Paulo Rangel, candidato do PSD às eleições europeias de 26 de maio.

O secretário-geral do PS, que participa num almoço em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, que conta também com a presença do cabeça-de-lista socialista às eleições europeias, Pedro Marques, num discurso perante centenas de militantes defendeu que “o PSD merece um voto de censura nestas eleições europeias”.

Já sobre Pedro Marques, disse que este é um candidato de que Portugal e o PS se podem “orgulhar” porque, tendo começado carreira numa câmara, a do Montijo, “sabe bem o que é o poder local” e, como ministro, “andou de concelho em concelho a discutir programas para o país”.

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“Há razões para que o PS mereça a confiança e o PSD mereça a censura. Percebo muito bem o que o PSD quer começar aqui, na campanha às europeias. Quer começar o assalto ao poder e mudar a política que começámos há três anos”, disse, dando vários exemplos, nomeadamente que foi a política socialista que “permitiu a Portugal crescer acima da média europeia pela primeira vez”.

António Costa, que à entrada para o Pavilhão Municipal de Avintes foi recebido por um protesto de lesados do BES/Novo Banco e lá dentro encontrou uma plateia de centenas de militantes, começou o discurso com a mesma frase com que o presidente do PS/Porto, Manuel Pizarro, terminou o seu: “Quanto mais a luta aquece, mais força é necessário dar ao PS”.

Depois, Costa frisou que “é preciso dar força ao PS porque votar no PS é um dois em um” e explicou que em causa está o país, a Europa, mas também Mário Centeno.

Já voltando ao voto de censura que acha que o PSD merece, o líder socialista pediu que “ninguém se esquecesse que foi o PS quem conseguiu há três anos fazer a mudança da política em Portugal e ao mesmo tempo defender o euro e defender a Europa contra tudo e contra todos”.

“Mas quando nós nos batemos para fazer esta mudança, o candidato do PSD a presidente da Comissão Europeia, o senhor [Manfred] Weber, aquilo que pedia era que fossem aplicadas sanções a Portugal. Mas a verdade é que Weber não estava sozinho. Não foi só um alemão e ele não estava sozinho. Paulo Rangel nesse dia não faltou ao Parlamento Europeu”, referiu.

Costa defendeu que “enquanto Elisa Ferreira defendia o Governo português e a situação política portuguesa na Europa, defendia Portugal, defendia a recuperação portuguesa”, Rangel dizia à Comissão Europeia para vir a Portugal porque era preciso impedir a reposição dos rendimentos, a baixa do IVA e a reposição das pensões”.

Por fim, António Costa salientou que a “prioridade” do seu Governo é “emprego, emprego e emprego” porque, disse, “o emprego é a chave do combate à pobreza e das políticas de inclusão”.

E ainda sobraram algumas críticas ao líder do PSD, Rui Rio, em temas como a Caixa Geral de Depósito (CGD) e o passe único. “Esta semana foi o próprio Rui Rio a dizer que era tempo de pensar se podemos privatizar a Caixa Geral de Depósitos. O que temos a dizer é ‘não’, porque é tempo de manter a CGD como grande banco de todos os portugueses (…). Rui Rio disse, sobre o passe único, que o passe único era uma medida errada. O que devemos perguntar é: e se ele for Governo acaba com o passe único ou continua com o passe único?”, terminou.

Também Pedro Marques, na sua intervenção, se dirigiu a Rui Rio, a quem exigiu que explique se “o banho de ética” que quer na política é “compatível com as faltas” no Parlamento Europeu de Paulo Rangel, “um cabeça de lista [do PSD nas europeias] que é das pessoas que mais faltou no Parlamento Europeu”.

O candidato socialista frisou que o PSD deve explicações aos portugueses por apostar num candidato que “tanto faltou e ao mesmo tempo trabalhava como advogado de negócios no setor privado”.

Já à margem do período de intervenções, Pedro Marques estendeu este pedido de explicações “aos candidatos de direita”, acusando-os ainda de “a pouco mais de um mês das eleições ainda não terem apresentado propostas” para serem debatidas.

Confrontado pela Lusa com o facto do cabeça de lista do CDS-PP, Nuno Melo, ter na semana passada acusado António Costa de “esconder” o ‘número um’ do PS, Pedro Marques respondeu: “Temos debates marcados há muito tempo. Essas críticas não me merecem credibilidade nenhuma”.

O candidato socialista frisou que o seu “trabalho está à vista”, apontando que “infelizmente” não consegue “comentar” o trabalho dos seus adversários porque, disse, “não há trabalho nenhum”.