O ministro da Educação da China, Chen Baosheng, avisou esta segunda-feira os estudantes chineses para pensarem nos “riscos” de irem estudar para uma universidade nos Estados Unidos. Segundo o The Washington Post, a posição de Baosheng é mais um sinal da deterioração de relações entre os dois países e a tentativa de expandir a guerra comercial aos programas de intercâmbio escolar.
O aviso surge na sequência das tentativas do Governo de Pequim de retaliar as tarifas impostas por Donald Trump a produtos chineses que entrem nos Estados Unidos. As tarifas impostas pelo presidente norte-americano abrangem vários produtos e ascendem a cerca de 200 mil milhões de euros.
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O ministro chinês diz ainda que os estudantes e académicos que queiram ir estudar para os Estados Unidos devem “preparar-se”.
Há muito tempo que os estudantes chineses que querem estudar nos EUA encontram restrições nos vistos, processos de revisão prolongados, validação por tempo inferior ao previsto e aumento da rejeição dos vistos”, diz Baosheng em comunicado.
Na sequência do comunicado, citado pela CNN, uma oficial do ministério da Educação também refere que os intercâmbios escolares se têm tornado “cada vez mais complicados”. “Os Estados Unidos e o Governo federal têm feito políticas sobre os intercâmbios normalizados entre os dois países”, disse Xu Yongji em declarações aos jornalistas esta segunda-feira em Pequim. “Os Estados Unidos estão a acusar estudantes chineses de promoverem atividades de espionagem em território norte-americano e de causarem problemas sem razão”, acrescentou Yongji.
Nos últimos anos, os cidadãos chineses têm composto grande parte do número de estudantes internacionais a frequentarem universidades nos Estados Unidos. Em 2018, foram mais de 370.000 os estudantes chineses a frequentarem universidades norte-americanas – quase um terço de todos os estudantes internacionais nos EUA, revela o Washington Post. Estes estudantes tornaram-se uma importante e valiosa fonte de rendimento para muitas faculdades e estabelecimentos de ensino.
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No entanto, o Governo dos Estados Unidos está a rejeitar cada vez mais vistos chineses, refere ainda o jornal norte-americano. Em 2018, dos 10.313 estudantes que se candidataram para estudar nos Estados Unidos através de bolsas atribuídas pelo Governo chinês, 331 foram rejeitados, de acordo com dados do Governo norte-americano divulgados pela mesma fonte. A percentagem de rejeições foi em 2018 de 3,2%.
Já nos primeiros três meses de 2019, 182 dos 1.353 estudantes chineses que se candidataram — ou seja, 13,5% — foram rejeitados devido a problemas nos vistos, divulgou o Conselho de Bolsas Escolares chinês.
Acresce que os vistos estão a demorar cada vez mais tempo para serem emitidos. Ao mesmo tempo, os períodos de estadia legal estabelecidos pelos documentos são cada vez menores, referem as autoridades chinesas.
Este tipo de comportamentos já feriu a dignidade de estudantes chineses nos Estados Unidos e já feriu os sentimentos do povo chinês. Isto está a provocar uma fria quebra nos intercâmbios e cooperação entre China e EUA “, comentou Xu Yongji.
Já em março, um grupo de membros republicanos do congresso norte-americano tinha apresentado uma lei que bane todos os empregados ou apoiados pelo exército chinês de receberem vistos de estudante ou de investigador para os EUA.
Uma guerra comercial sem fim
A 10 de maio, Trump aumentou as tarifas de produtos chineses importados entre 10 e 25%. Pouco depois, o presidente norte-americano decidiu interditar as exportações de produtos tecnológicos norte-americanos para algumas empresas consideradas “de risco” para a segurança nacional, como a chinesa Huawei.
Como forma de retaliação, o Governo chinês também aumentou as tarifas de produtos norte-americanos. A China chegou mesmo a acusar os EUA de “terrorismo económico”. “Somos contra a guerra comercial, mas não temos medo dela”, declarou o Governo chinês em maio.
Guerra comercial. China retalia e impõe tarifas mais altas a produtos norte-americanos
Este mês, Donald Trump e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, devem encontrar-se numa reunião do G20 no Japão, onde se espera que os dois governantes resolvam a guerra comercial e ponham fim à tensão entre os dois países.