A administração dos Estados Unidos vai permitir que durante os próximos três meses a Huawei ainda possa atualizar componentes e programas informáticos norte-americanos nos aparelhos que já tenham sido vendidos. Depois do dia 19 de agosto, as sanções impostas pelos Estados Unidos, que determinam que as empresas norte-americanas não podem vender hardware e software à Huawei, entram em vigor. O fundador da empresa alertou que os Estados Unidos estão a subestimar a força do gigante tecnológico chinês e que é inevitável que haja conflito para chegar ao “topo do mundo”.

“Sacrificámo-nos e às nossas famílias pelo nosso ideal: para estar no topo do mundo. Para chegar a este ideal, mais cedo ou mais tarde, haverá conflito com os Estados Unidos”, disse Ren Zhengfei, fundador da Huawei, na televisão estatal chinesa CCTV.

“A equipa política americana, pela maneira atual de fazer as coisas, mostra que subestima a nossa força”, disse Ren Zhengfei, fundador da Huawei, como resposta ao bloqueio das empresas norte-americanas à marca. Numa entrevista à estação estatal chinesa CCTV, esta terça-feira, Zhengfei garantiu que as sanções não vão comprometer o desenvolvimento da rede 5G. “A 5G da Huawei não será afetada” prometeu Zhengfei, acrescentando que “nem daqui a dois ou três anos” outras empresas vão conseguir competir com a gigante chinesa no que diz respeito à quinta geração móvel.

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Depois de Estados Unidos terem colocado a Huawei numa lista negra, a Google anunciou que ia suspender os negócios com a empresa chinesa e as fabricantes de chips Intel, Qualcomm, Xilinx e Broadcom anunciaram também a suspensão de entregas à Huawei. Este período transitório de 90 dias, que pode ser aproveitado pela Huawei e os seus parceiros comerciais para se adaptarem e parece querer acalmar a tensão com os chineses.

Esta autorização geral temporária dá (ao setor) tempo para se reorganizar e ao Departamento (do Comércio) a possibilidade de determinar as medidas apropriadas a longo prazo para as empresas de telecomunicações norte-americanas e estrangeiras, que hoje se servem dos equipamentos da Huawei para alguns serviços essenciais”, indicou o secretário do Comércio, Wilbur Ross, em comunicado. Em resumo, esta decisão vai permitir aos utilizadores de equipamentos Huawei continuar a utilizá-los.

Mas para Ren Zhengfei esta benesse é pouco relevante: “A licença temporária de 90 dias dos Estados Unidos não nos causa muito impacto. Estamos preparados.” Em causa estão não só as aplicações da Google, como Gmail e Google Maps, que a Huawei e outras companhias podem tentar colmatar com aplicações alternativas, mas também o fornecimento de chips, metade deles vindos dos Estados Unidos. “Não podemos viver isolados do mundo. Também podemos fabricar chips como os norte-americanos, mas não quer dizer que não os iremos comprar”.

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Sobre quanto tempo poderá a Huawei aguentar este braço de ferro, o fundador disse, citado pelo jornal The Guardian: “Vão ter de perguntar a Trump, não a mim”.

Também esta terça-feira, a Huawei anunciou estar em negociações com a Google para tentar encontrar uma solução às restrições impostas pela administração norte-americana. “A Google é uma boa empresa e altamente responsável. A Google e a Huawei estão em discussão para tentar encontrar uma resposta”, disse Ren Zhengfei aos jornalistas, num encontro com a imprensa local em Pequim.

Já depois destas declarações, a Google disse que iria aproveitar este período de transição para negociar com a Huawei, assim como enviar atualizações das aplicações para os equipamentos que usem o sistema operativo Android, conforme noticiou a CNBC. “Manter os telefones atualizados e seguros é do interesse de todos e esta licença temporária permite-nos continuar a fornecer atualizações de software e correções de segurança aos modelos existentes pelos próximos 90 dias”, disse um porta-voz da Google à CNBC.

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Em contexto de guerra comercial entre Pequim e Washington, o Presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu na semana passada interditar as exportações de produtos tecnológicos norte-americanos para algumas empresas consideradas “de risco” para a segurança nacional. Foi assim que o conglomerado Huawei entrou para a lista negra de Washington.

A Huawei foi criada em 1987 por um antigo dirigente militar chinês, Ren Zhengfei, e já contou com forte investimento por parte do governo da China, o que faz com que os Estados Unidos suspeitem que os equipamentos sejam usados para espionagem, especialmente tendo em conta uma lei de 2017 que obriga as grandes empresas chinesas a cooperarem com os serviços de informações do país. Washington já tinha proibido aos seus militares a utilização de equipamentos Huawei, a qual desmente firmemente qualquer espionagem.

Atualizado às 12 horas com declarações da Google