O 75.º aniversário do desembarque na Normandia é um dos pontos fortes da visita de Estado de Donald Trump ao Reino Unido e, por isso, não é estranho que a Segunda Guerra Mundial tenha moldado, em parte, os discursos do final do primeiro dia. Foi, aliás, a propósito da resiliência do país — que mostrou “ao mundo”, no tempo da guerra, “o que significa ser britânico” — que Trump pareceu ter deixado uma mensagem sobre o Brexit.

A coragem dos filhos e filhas do Reino Unido [durante a Segunda Guerra Mundial] assegurou que o vosso destino estará sempre nas vossas mãos.”

O apoio do presidente norte-americano à saída do Reino Unido da União Europeia não é, propriamente, um segredo para ninguém, mas desde que Trump chegou a Londres, na manhã desta segunda-feira, que todos procuravam uma declaração sobre o tema. De imediato, os jornalistas britânicos fizeram uma ligação entre aquela frase e o Brexit, mas bastaria esperar alguns minutos para o apoio tornar-se ainda mais claro. No Twitter, ainda durante o jantar, a Casa Branca publicava um artigo, também com declarações do presidente, nesse sentido.

O Presidente Trump apoia o cumprimento do Brexit de uma forma que mantenha a estabilidade económica global, assegurando os desejos dos eleitores pela independência do Reino Unido”, dizia o tweet.

No artigo, a Casa Branca explicava que o Reino Unido “é um dos maiores mercados para as exportações dos Estados Unidos” e uma dos maiores fornecedores das importações do país. “Em fevereiro, o Presidente Trump delineou os seus objetivos negociais para alcançar um acordo comercial ambicioso com o Reino Unido, depois da saída da UE.”

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Ainda antes, Trump já tinha deixado claro que estava disposto a chegar a um novo acordo comercial com os britânicos, já sem as “algemas” da União Europeia — um dos tweets que foi fazendo ao longo de todo o dia e que incluíram, por exemplo, um insulto ao mayor de Londres.

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No discurso durante o banquete real, o Presidente norte-americano — que se disse honrado, com a mulher, Melania, pela forma como foi recebido numa “vista de Estado histórica” — sublinhou que os dois países juntos derrotaram o nazismo e libertaram o mundo da tirania, destacando as quase “sete décadas de amizade” da Rainha Isabel II — “uma grande, grande mulher” — com os Estados Unidos da América.

Esse passado de proximidade também foi reforçado pela Rainha, que quis estender a relação para futuro:

Tenho a convicção de que os nossos valores comuns e interesses partilhados continuarão a unir-nos. Esta noite, celebramos uma aliança que ajudou a garantir a segurança e prosperidade de ambos os nossos povos durante décadas e que eu acredito que vai perdurar por muito anos”, antecipou Isabel II.

O jantar, no Palácio de Buckingham, juntou à mesa vários membros da família real — com excepção de Harry e Meghan, que não estiveram no banquete — e da família Trump, que esteve quase completa, com quatro dos cinco filhos do Presidente — apenas o mais novo não viajou para o Reino Unido.

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Na terça-feira, Trump vai encontrar-se com Theresa May, a primeira-ministra demissionária, em Downing Street.