Milhares de pessoas invadiram as ruas de San Juan na segunda-feira numa revolta contra o governador de Porto Rico, Ricardo Rossello. A população exige a sua renúncia, depois da divulgação de mensagens machistas e ofensivas contra políticos rivais e figuras públicas, trocadas com membros do governo.
As manifestações, sentidas em várias cidades de Porto Rico, foram apoiadas por sindicatos, universidades e ativistas de todas as idades. Além do cancelamento de aulas nas três maiores universidades da ilha, a imprensa local relata ainda que o principal centro comercial não abriu portas e que vários cruzeiros cancelaram o atracamento na ilha. As imagens mostram ainda que a multidão chegou mesmo a bloquear uma das principais avenidas da capital.
Várias figuras públicas porto-riquenhas também se juntaram aos protestos. Artistas como Bad Bunny, iLe e Ricky Martin tornaram-se caras do movimento. Ricky Martin, uma das vítimas dos comentários homofóbicos das mensagens, disse num vídeo publicado no Twitter que “já chega”. “Eles ridicularizaram as mulheres, eles ridicularizaram a comunidade LGBT, eles gozaram com pessoas com problemas físicos e mentais, gozaram com a obesidade”, justificou o cantor.
#rickyrenuncia #residenciamientoYA pic.twitter.com/IsRTsXfDs9
— Ricky Martin (@ricky_martin) July 22, 2019
Nem o anúncio feito por Rossello no domingo, no qual confirmou que não vai concorrer às eleições do ano que vem, fez diminuir a tensão nas ruas. A polícia de San Juan chegou mesmo a usar gás lacrimogéneo sobre a multidão. As autoridades agiram por volta das 23h00 de segunda-feira, para tentar travar as manifestações que tinham durado todo o dia.
“Sei que desculpar-me não é o suficiente”, disse Rossello, num vídeo partilhado na sua página de Facebook. “Estou ciente da insatisfação e do desconforto que sentem. Só o meu trabalho vai ajudar a restaurar a confiança”, acrescentou.
https://www.facebook.com/rrossello/videos/459244751474943/
A administração de Rossello tem sido marcada por um acumular de críticas e polémicas, principalmente depois de o FBI ter prendido vários funcionários do governo devido a suspeita de corrupção e apropriação indevida de 15,5 milhões de dólares (13,8 milhões de euros) de fundos destinados ao furacão Maria, em 2017.