Para António Costa, a violência no desporto é “a negação do próprio desporto e tem de ser erradicada”. Em entrevista ao Canal 11, na terça-feira, o primeiro-ministro tocou na questão das claques e sublinhou que todos os clubes devem cumprir a lei no que toca ao combate à violência do futebol. Mas avisa: “As leis não mudam comportamentos. O que muda é a cultura que tem que imperar”.
António Costa espera que a legislação recentemente aprovada na Assembleia da República, considerada inconstitucional pelo Benfica, ajude a pôr um ponto final no que apelida de “um quadro de violência absolutamente inaceitável”. Costa explica que a legislação deve ser igual para todos.
A legislação foi feita para que clubes como o Benfica passassem a adequar os seus grupos de adeptos àquilo que são claques. Os clubes têm de ser todos iguais e tem de haver uma legislação igual para todos”, ressalvou o primeiro-ministro na entrevista.
“Acho que todos os agentes desportivos têm uma enorme responsabilidade na forma como agem”, acrescentou o chefe do Governo. Costa diz mesmo que está à vontade para falar do Benfica e afirma que se revê nas palavras de Bruno Lage: “É preciso mudar”.
O primeiro-ministro falou também sobre a possibilidade de Portugal e Espanha fazerem uma candidatura conjunta à organização do Mundial de Futebol de 2030. Costa explicou que está a ser feito um estudo desenvolvido pelas federações dos dois países para avaliar essa mesma candidatura.
Daqui a pouco, @antoniocostapm vai estar no 11! ⚽
Vê a conversa imperdível sobre os tempos de futebol de rua e o futuro do desporto português, a partir das 21h. #canal11 #FutebolEmPortuguês pic.twitter.com/bloN3UXILE
— Canal 11 (@Canal_11Oficial) August 6, 2019
“Nós sabemos que todos estes eventos desportivos são uma forma extraordinária de promoção internacional dos países. Vimos a importância que teve para o nosso país o Euro 2004”, lembrou. Ainda assim, o líder do PS afirma que episódios como a construção de estádios para uso único — como aconteceu naquela edição do Europeu — não se podem repetir.
Todos aprendemos com o Euro 2004. Os estádios não podem ser pensados apenas para um evento, mas sim também a pensar num pós-evento. Se fosse hoje, o país não teria feito tantos estádios”, assegurou no Canal 11.
Costa afirma que a legislação portuguesa é “das mais severas da Europa no combate” ao match-fixing. “Tive conhecimentos de casos pela comunicação social e foi um choque”, lembra, acrescentado que confia nas autoridades para “detetar todos os casos que existam”. O primeiro-ministro falou também sobre o futebol feminino e disse que “é uma questão de tempo” até os estádios estarem cheios: “As pessoas vão ao futebol pelo desporto, não pelo género dos intervenientes”.
Já num outro registo, e questionado sobre que posição ocuparia numa “equipa governativa”, Costa não tem dúvidas: “Seria o capitão de equipa, naturalmente”.
Para além do futebol, houve ainda espaço para falar de política. Mais propriamente das eleições legislativas de outubro. “Maioria absoluta? O resultado será aquele que resultar da combinação da avaliação que as pessoas fazem do trabalho feito, do que nos propusemos a fazer e da realidade que temos para garantir a boa execução desses resultados”, conclui o primeiro-ministro português.