A Fundação Côa Parque assinou protocolos de cooperação com instituições culturais e científicas do Brasil, para promover a partilha de conhecimentos técnico-científicos, entre os seus membros, disse esta sexta-feira à Lusa o presidente daquela estrutura.

“No âmbito desta aproximação institucional, prevê-se o desenvolvimento de projetos de cooperação, baseados no interesse e benefício mútuo, igualdade e reciprocidade, através do intercâmbio de recursos humanos, sem prejuízo de suas atividades funcionais, intercâmbio de informações científicas e tecnológicas ou a organização de seminários, simpósios e conferências”, disse à agência Lusa Bruno Navarro, presidente da Fundação Côa Parque.

A presença da direção da Fundação Côa Parque no Nordeste do Brasil, na primeira quinzena deste mês, foi assim aproveitada para a assinatura de convénios de cooperação técnica e científica com a Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri, o Instituto de Arqueologia do Cariri Doutora Rosiane Lima Verde, a Universidade Regional do Cariri e o Geoparque UNESCO do Araripe.

De acordo com Bruno Navarro, haverá ainda outras formas de cooperação científica, cultural, tecnológica e administrativa a serem acordadas pelas instituições subscritoras, nomeadamente a realização de exposições e a participação em cursos pós-graduados.

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O projeto cultural do Vale do Côa foi apresentado no Brasil “como caso exemplar de preservação do património”, no Seminário Internacional do Património Mundial – Chapada do Araripe, que decorreu nos dias 6 a 9 de agosto, nas cidades de Juazeiro do Norte, Crato e Nova Olinda (Ceará, Brasil), numa iniciativa promovida pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará, no Brasil.

Este ato marcou o arranque do processo de candidatura a Património da Humanidade do acidente geográfico da Chapada do Araripe e do sítio arqueológico que atravessa os estados do Ceará, Piauí e Pernambuco. “A Fundação Côa Parque foi uma das entidades subscritoras das conclusões daquele encontro, que desencadearão, nos próximos meses, as diligências para a inclusão daquele património na lista indicativa da nação brasileira, seguindo-se a elaboração do dossier de candidatura para ser analisado pelo Comité do Património Mundial da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura”, adiantou Bruno Navarro à Lusa.

O ato foi apadrinhado por Alemberg Quindins, mentor do projeto Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri e Maria da Conceição Lopes, coordenadora do Centro de Estudos de Arqueologia, Artes e Ciências do Património da Universidade de Coimbra.

No estado do Piauí, também no nordeste brasileiro, realizaram-se conferências e reuniões entre o Museu e responsáveis do Curso de Arqueologia e Paleontologia da Universidade Federal do Piauí e a Fundação Museu do Homem Americano, entidade gestora do Museu do Homem Americano, Museu da Natureza e Parque Nacional Serra da Capivara, “sítio emblemático de arte rupestre do continente Americano, também inscrito, desde 1991, na lista do Património Mundial da UNESCO”.

“Prevê-se para breve a assinatura de protocolos de cooperação similares com estas instituições”, adiantou à Lusa o responsável pela Fundação Côa Parque. A arte rupestre do Côa, inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO desde 1998, foi uma das mais importantes descobertas arqueológicas do Paleolítico Superior, em finais do século XX, em toda a Europa, de acordo com arqueólogos.

Aquando da descoberta da “Arte do Côa”, os arqueólogos portugueses asseguraram tratar-se de manifestações do Paleolítico Superior (datadas de há 25 mil a 30 mil anos) e de “um dos mais fabulosos achados arqueológicos do mundo”. Desde agosto de 1996, o Parque Arqueológico do Vale do Côa organiza visitas a vários núcleos de gravuras, como Penascosa, Canada do Inferno e Ribeira de Piscos.