O abastecimento de combustível ao futuro aeroporto complementar do Montijo através de um oleoduto é uma possibilidade que está a ser discutida. mas há dificuldade de viabilização económica. Quem o diz é o presidente executivo da ANA, a concessionária dos aeroportos portugueses que está a desenvolver o projeto. Thierry Ligionnière diz que a empresa gostaria que houvesse esse desenvolvimento, mas acrescenta que o projeto de um pipeline está fora do perímetro concessionado à ANA.

“Obviamente que nos interessa”, afirmou o presidente da ANA em resposta aos jornalistas, à margem de uma conferência promovida esta terça-feira no Parlamento sobre o novo aeroporto do Montijo que se encontra em consulta pública. A concessionária já teve contactos com as empresas petrolíferas para avaliar se havia interesse, mas há dificuldades em termos de viabilização económica. “Há um oleoduto que vai de Sines a Aveiras (parque de combustíveis) e o nosso entendimento é que há uma possibilidade técnica, mas que é bastante complexa em termos de implementação e o custo de investimento é muito elevado”.

Segundo Thierry Ligionnière, seria necessário fazer um desvio desse pipeline para abastecer o Montijo. O abastecimento por oleoduto está também a ser estudado para o aeroporto Humberto Delgado, existindo neste caso um projeto da Companhia Logística de Combustíveis (CLC), que gere o Parque de Aveiras, para reutilizar uma conduta desativada da Epal. Este solução ganhou força após greve dos motoristas de mercadorias perigosas de abril que secou rapidamente o aeroporto de Lisboa de jetfuel que é trazido em dezenas de camiões por dia de Aveiras até à Portela.

O presidente da ANA diz ainda que este não será um investimento para a concessionária do aeroporto, mas sim das empresas petrolíferas. A inexistência de um pipeline para abastecer o Montijo no projeto proposto pela ANA foi uma das falhas apontadas por deputados e organizações ambientais no debate sobre o novo aeroporto que se realizou esta terça-feira por iniciativa da comissão parlamentar de Economia e Obras Públicas. Já o presidente da APA (Agência Portuguesa do Ambiente) defendeu que este é um tema atual e importante sobre o qual o país deve refletir.

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Na sessão da tarde, e confrontado com os impactes negativos no lado do ruído, os responsáveis da ANA adiantaram que estão previstas comparticipações financeiras para as famílias afetadas poderem instalar proteções contra o ruído nas zonas mais afetadas pelo novo aeroporto. Mas isso só deverá avançar após o primeiro ano de operação. De acordo com o estudo de impacte ambiental, as populações da Moita e do Barreiro serão as mais afetadas, mas os técnicos da ANA acrescentam que o nível de ruído estará dentro do limite legalmente permitido.

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O presidente executivo da ANA reafirmou que o Montijo é a única solução viável para a Vinci, a empresa francesa que é dona da ANA, porque está de acordo com o caderno de encargos definido pelo concedente, o Estado. E entre as condições está um projeto de expansão aeroportuária que não tenha impactos financeiros para o Estado e possa ser feito rapidamente.

E há um plano B, para o caso do aeroporto no Montijo não conseguir a declaração de impacte ambiental? “Os planos não são definidos pela ANA, mas sim pelo Governo. A ANA propõe soluções”, afirmou Thierry Ligionnière.