Comícios cancelados, minutos de silêncio e arruadas sem barulho. A notícia da morte de Diogo Freitas do Amaral, chegou em plena campanha política e obrigou a mudanças nas ações previstas. Mas, a dois dias das eleições legislativas, houve partidos que optaram por cumprir a agenda tal e qual como estava prevista para esta quinta-feira — foi o caso do Bloco de Esquerda, PAN e CDU. Marcelo Rebelo de Sousa cancelou a viagem ao Vaticano prevista para sábado, confirmou oficialmente a Presidência da República.
O partido fundado por Freitas do Amaral não suspende a campanha, mas vai fazer alterações. Depois de já ter pedido um minuto de silêncio, o CDS voltou a pedir a palavra pela segunda vez num almoço de campanha para transmitir que o CDS não fica “indiferente a esta triste notícia” e que, por isso, o partido vai “fazer ajustamentos na campanha, de maneira a poder mantê-la, mas respeitando e introduzindo a sobriedade, que o momento exige.” A líder centrista vai manter o comício da noite — onde António Lobo Xavier será orador — mas sem ambiente festivo e com sobriedade.
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Cristas disse ainda que já transmitiu essa posição ao secretário-geral do partido e “a bandeira do CDS na nossa sede nacional já está a meia-haste”. O caminho agora é continuar a campanha “com tranquilidade, sobriedade”, já que este momento no CDS “tem de ter um significado particular”.
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A campanha socialista manteve para esta quinta-feira, penúltimo de campanha, a agenda prevista. A notícia da morte de Freitas do Amaral fez, no entanto, alterar duas coisas. A arruada prevista para esta tarde, em Lisboa, não terá bombos, nem música. Nem o comício da noite em Setúbal, onde será feito um minuto de silêncio em memória do fundador do CDS e ex-ministro de um Governo socialista, o primeiro de José Sócrates.
O candidato António Costa ainda não reagiu à notícia, até porque só a conheceu quando ia na estrada a caminho de Lisboa, vindo de Mangualde. Já o primeiro-ministro António Costa fez publicar uma nota oficial a lamentar a morte de Freitas e a recordar que foi seu colega no Governo. Os socialistas cingiram, até agora, a sua reação ao sucedido a uma nota de pesar publicada no site do partido e onde relembra a campanha presidencial de 1986:
A memória de Diogo Freitas do Amaral, quer como adversário político – que travou com Mário Soares uma das mais épicas batalhas eleitorais da história da Democracia portuguesa – quer nos momentos de convergência, suscita ao Partido Socialista um sentimento de profundo respeito”.
O PSD vai manter a arruada que estava marcada para as 18h00 desta quinta-feira, no Porto, e o comício da noite, na Praça da Batalha — mas sem o concerto que estava previsto para antes do comício. O partido de Rui Rio também manteve o comício de encerramento da campanha agendado para esta sexta-feira, no Largo do Carmo, em Lisboa — mas com uma alteração: não haverá festa. Antes do comício estava marcada a tradicional descida do Chiado — que o PSD vai manter, embora sem barulho, ao contrário do que é habitual acontecer nestas arruadas.
Nem o Bloco de Esquerda nem a CDU vão fazer qualquer alteração à agenda que tinham programada. O PAN também mantém tudo o que estava previsto, um jantar com apoiantes onde André Silva deverá reagir à morte de Freitas do Amaral. O partido ainda equacionou emitir uma nota por escrito durante a tarde, mas optou por manter os planos tal como o previsto.
Marcelo Rebelo de Sousa cancela viagem ao Vaticano
O Presidente da República tinha deslocação marcada ao Vaticano este sábado por causa de Tolentino de Mendonça. Ao que o Observador apurou, Marcelo cancelou a viagem e fica em Portugal.
Marcelo Rebelo de Sousa já manifestou no site da presidência “o mais fundo pesar” pela morte de Diogo Freitas do Amaral, salientando a “rica experiência parlamentar e governativa” e a “excelência cívica” do ex-ministro. O Presidente diz que “perdeu um grande amigo pessoal de meio século”. O Governo já decretou luto nacional para o dia do funeral do fundador do CDS.
Marcelo deixa agradecimento Freitas do Amaral, o “último” pai da democracia “a deixar-nos”
[Artigo corrigido às 17h16 de quinta-feira, 3 de outubro, com a informação de que Rui Rio não cancela o comício de encerramento da campanha, mas altera]