As escritoras Margaret Atwood e Bernardine Evaristo venceram a edição de este ano do prestigiado prémio de ficção inglesa Booker, pelas obras The Testaments e Girl, Woman, Other, respetivamente. O anúncio da atribuição do prémio às duas autoras, ao contrário da distinção habitual de um só autor, foi feito esta segunda-feira.
O valor monetário do prémio, de 50 mil libras (aproximadamente 57 mil euros), será dividido em partes iguais pelas duas vencedoras. A decisão, contudo, poderá ser controversa, já que segundo a BBC as regras do prémios indicam que este “não deve ser dividido”. O júri considerou não ser possível “separar” as duas obras, premiando uma em detrimento da outra — e o seu presidente, Peter Florence, assumiu a responsabilidade da opção, dizendo publicamente que foi escolha consciente do júri “desrespeitar as regras” e que “quanto mais falávamos [membros do júri] sobre eles [os livros], mais percebíamos que os adorávamos tanto que queríamos que ambos vencessem”.
Os relatos da atribuição do prémio indicam que as duas escritoras subiram a palco de braço dado e que Margaret Atwood, que já tinha vencido o Booker Prize em 2000 com o romance The Blind Assassin (O Assassino Cego na edição portuguesa), gracejou com a divisão do prémio, dizendo que sendo “demasiado velha” e “não precisando de atenção”, ficava feliz que Bernardine Evaristo “tivesse alguma” notoriedade.
Teria sido bastante embaraçoso para mim… estar aqui sozinha. Portanto, estou muito contente que esteja aqui também”, terá Atwood dito a Evaristo, segundo a estação britânica BBC.
The Testaments, o novo livro de Margaret Atwood, é uma sequela de The Handmaid’s Tale, obra que deu origem a uma das séries mais vistas dos últimos anos. A escritora canadiana de 79 anos era a favorita a vencer o prémio este ano e confirmou-se como vencedora mais velha do Booker Prize, mas divide o prémio com a autora britânica de 60 anos, Bernardine Evaristo, a primeira escritora negra a vencer.
Depois de “The Handmaid’s Tale”, Margaret Atwood voltou para avisar: o perigo ainda não passou