Depois da ronda negocial da última quarta-feira, que levou António Costa às sedes dos cinco partidos à esquerda do PS, ficaram prometidas novas reuniões para a semana seguinte. Mas o caso mudou de figura. Para esta terça-feira estava já marcada uma reunião entre socialistas e bloquistas mas, como avançou o Jornal de Negócios e confirmou o Observador, a reunião não vai acontecer — para já. O Bloco de Esquerda queria encetar já as conversações para o próximo Orçamento do Estado, que Costa já disse que queria entregar antes do fim do ano, e o PS está ainda numa fase inicial: o programa de Governo.  Ou seja, sem disponibilidade por parte do PCP para negociar outra coisa que não o OE, e com a mesma indisponibilidade mostrada agora por BE, tal significa que, ao contrário do que queria António Costa, não haverá negociação do programa de Governo para a eventual inclusão de medidas dos antigos parceiros.

Costa vai esvaziar próximo Governo de relações familiares

O PCP já o tinha deixado claro, logo no final da reunião de quarta-feira na Soeiro Pereira Gomes: a haver uma próxima reunião, que seja apenas para tratar dos assuntos do Orçamento do Estado para 2020. Para o BE, que tinha deixado a porta aberta a novas conversações, o caso mudou de figura quando, na quinta-feira, António Costa saiu da comissão política do PS a dizer que não iria haver acordo escrito com ninguém. A solução de governo passaria, por isso, por uma negociação caso a caso, de orçamento em orçamento. O BE não gostou de ouvir o PS dizer que “pôs um ponto final” na geringonça, e o PS veio logo dizer que a geringonça não tinha morrido. Mas para efeitos de negociações, para já, ficou adiada.

A ideia de Costa era mostrar abertura e disponibilidade para acolher no programa de governo do PS alguns aspetos que fossem mais ao encontro do entendimento dos antigos parceiros da esquerda, e era nesse sentido que a delegação do governo ia negociar esta terça-feira com o Bloco de Esquerda. Mas do outro lado, a estratégia é outra. A prioridade é o próximo Orçamento do Estado e aquilo que eventualmente vier a ser acordado nesse âmbito é que pode vir (ou não) a ser incluído no programa de governo. Segundo apurou o Observador, haverá novas reuniões, ainda não agendadas, e só para efeitos de elaboração do Orçamento do Estado para 2020, quando um governo tiver um esboço para apresentar. O programa de governo, de resto, não precisa de ser votado na Assembleia da República, a não ser que algum partido apresente uma moção de rejeição.

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