Pelo menos 100 mil pessoas morreram desde 2015 na guerra civil no Iémen, anunciou esta quinta-feira o Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês).

O ACLED, organização que reúne e analisa dados sobre violência política a nível mundial, acrescentou que o número de vítimas mortais inclui pelo menos 12.000 civis mortos em ataques planeados contra eles.

O Iémen vive um conflito armado desde 2015, após os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, tomarem uma vasta zona do país em 2014, provocando o exílio do Presidente iemenita, Abdrabbuh Mansour Hadi, que se encontra atualmente na Arábia Saudita.

Em março de 2015, uma coligação formada por oito países e liderada pelos sauditas lançou ataques aéreos contra os Huthis para restaurar o poder do Presidente Hadi. Os ataques aéreos, sob a liderança de Riade e o apoio dos Estados Unidos, Reino Unido e França, atingiram escolas, hospitais e casamentos e mataram milhares de civis iemenitas.

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Os rebeldes Huthis, por seu lado, usaram drones (aparelho aéreo não-tripulado] e mísseis para atacar a Arábia Saudita e atingiram embarcações no mar Vermelho.

Segundo as Nações Unidas, o Iémen vive a pior crise humanitária do mundo, com o conflito a deixar o país à beira de uma crise de fome e que pode estar a afetar até 14 milhões de pessoas.

Em agosto passado eclodiram os confrontos entre as forças leais ao Presidente no exílio e os militares da coligação chefiada pelos sauditas contra os separatistas do sul do país, aliados dos Emirados Árabes Unidos. O agravamento da situação militar no sul degradou as relações entre as forças que combatem os Huthis, prejudicando os esforços para acabar com a guerra civil de forma negociada.

O projeto ACLED relata a morte de aproximadamente 20.000 pessoas desde janeiro, tornando 2019 o segundo ano que regista o maior número de mortes desde o início da guerra, superado apenas por 2018 (30.800 mortos). A organização afirmou que abril foi até agora o mês mais letal de 2019, com pelo menos 2.500 mortos.

A coligação liderada pelos sauditas e aliados foi responsável por pelo menos 8.000 mortes resultantes de ataques diretos a civis desde 2015, com os ataques aéreos a causarem cerca de 67% das mesmas. Até agora, 2019 regista 1.100 civis mortos.

Embora o número de ataques aéreos da coligação saudita tenha atingido um mínimo histórico, o ACLED indica que as mortes de civis por ataques aéreos aumentaram pela primeira vez desde o final de 2017.

A província mais violenta do lémen é Taiz, onde morreram pelo menos 19.000 pessoas desde 2015, pois está cercada pelos Huthis desde há quatro anos, e é seguida das regiões de Hodeida e Jaufe, com pelo menos 10.000 mortos cada.

O ACLED analisou ataques aéreos, bombardeamentos, batalhas no terreno entre as forças envolvidas no conflito, atentados militares e violência em protestos. Os seus números, no entanto, não incluem aqueles que morreram nos desastres humanitários causados pela guerra, particularmente a fome. O grupo é financiado pelo Departamento de Estado dos EUA e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Holanda e reúne informação através da imprensa internacional e do Iémen.