Nicósia, a capital do Chipre. Ou Belfast, capital da Irlanda do Norte. Têm ambas algo em comum com Berlim de há 30 anos. A 9 de novembro de 1989, numa quinta-feira, o mundo assistiu à queda do muro que separava a Alemanha em dois — a Ocidental, sob influência dos Estados Unidos, Reino Unido e França; e a Oriental, parte do bloco soviético. Três décadas volvidas, ainda há cercas, muros e fronteiras a separar cidades e países. Pelo mundo inteiro.

Em Nicósia, por exemplo, uma gigantesca barricada de cimento, sacos de areia, barris e arame farpado separa a capital cipriota em dois. Numa parte vivem os gregos cristãos ortodoxos, na outra os turcos muçulmanos. E é preciso passaporte para passar de um lado para o outro. A cinco mil quilómetros dali, em Belfast, há muros a separar a cidade. No plural. E separam os bairros católicos dos bairros protestantes. Chamam-lhes Muros da Paz porque, sem eles, a violência materializava-se.

Não são as únicas cidades separadas em dois à semelhança do que aconteceu em Berlim entre 1961 e 1989. Nem são as únicas fronteiras físicas que separam o globo em peças — muitas delas transformadas em palcos de guerra. Enquanto se protestava contra os planos de Donald Trump parar aumentar o muro entre os Estados Unidos e o México, vários países europeus erguiam cercas, algumas das quais altamente tecnológicas, para fazer frente à crise de migração em 2015. No mundo árabe, a mesma história. Mas mais antiga.

Muros e cercas, fronteiras e barricadas já separam o mundo há milhares de anos. A Grande Muralha da China, hoje um Património Mundial reconhecido pela UNESCO, foi em tempos uma fortificação dos impérios chineses contra os povos da Eurásia. E a Muralha de Adriano, que agora coincide com a fronteira entre Inglaterra e Escócia, já vem dos tempos do Império Romano.

No dia em que se celebram os 30 anos da queda do Muro de Berlim, reveja aqui outros muros que sobrevivem.

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