Um dia antes de se assinalar o primeiro ano desde o início das manifestações dos coletes amarelos em Paris, os manifestantes voltaram às ruas da capital francesa — mas já começam a desmobilizar. Cerca das 16 horas locais, os manifestantes na Praça de Itália começaram a abandonar o locas e as equipas de limpeza entraram em ação para começar a limpar os destroços deixados pelas horas de confusão e confrontos entre os manifestantes e as forças policiais.
Na sexta-feira, um dos principais rostos da organização dos coletes amarelos franceses, o lusodescendente Jerome Rodrigues não levantava o véu sobre o plano delineado para o fim de semana, mas avisava que “iam acontecer muitas coisas” este sábado na capital francesa. O jornal Le Figaro dá conta de “algumas centenas” de manifestantes que ainda “jogam ao gato e rato” com a polícia pelas ruas da capital francesa.
FLASH INFO – Paris- #Acte53 :
Les forces de l’ordre protégent les pompiers, caillassés par les manifestants. #GiletsJaunes #PlacedItalie pic.twitter.com/6rgrB52MFN— FLASH INFO Ile-de-France (@info_Paris_IDF) November 16, 2019
Após várias horas de protesto já foram detidas 78 pessoas e identificadas 124, de acordo com o mais recente balanço da Câmara de Paris. A polícia já fez cerca de 8861 fiscalizações preventivas onde apreendeu, entre outros artigos, várias máscaras que protegem do gás lacrimogéneo.
En amont de la #manifestation porte de Champerret à #Paris, les contrôles préventifs effectués par les #FDO conduisent à des saisies d'armes par destination. pic.twitter.com/L1LqODAwS7
— Préfecture de Police (@prefpolice) November 16, 2019
Há imagens de carros tombados e incendiados na cidade. Os bombeiros tiveram mesmo de intervir para responder aos vários focos de incêndio na Praça de Clichy, mas foram atacados por alguns dos manifestantes, levando a polícia a intervir para evitar o pior.
A van sets on fire on the streets of Paris on the first anniversary of the Yellow Vest protests #GiletsJaunes pic.twitter.com/LpJcnR01Eg
— Schnück ❁ (@schnucknetwork) November 16, 2019
As primeiras horas deste sábado ficaram marcadas por alguma tensão em Paris nos pontos de onde saem duas manifestações autorizadas, na Praça de Itália e em Porte de Champeret. Cerca das 11 horas locais a polícia teve que intervir, utilizando gás lacrimogéneo para dispersar algumas centenas de manifestantes, que resistem apesar das baixas temperaturas que se fazem sentir em Paris, que uma hora antes se tinham começado a concentrar circular externa da cidade, o “periférico”, perto de Porte de Champerret.
Il est 11 h 12, Place d’Italie dans les lacrymos #GJ #acte53 pic.twitter.com/IeCPfnqnHd
— Pierre Bouvier (@pibzedog) November 16, 2019
Junto ao Sacré Coeur começaram também a mobilizar-se algumas dezenas de coletes amarelos, com o objetivo de iniciar uma marcha até à Bastilha, um percurso de cerca de uma hora a pé, ao som da música “On lâche rien” adotada pelo movimento desde os primeiros dias de manifestação em 2018.
Pour la première année de mobilisation des gilets jaunes, la manifestation officielle devait partir à 10h du Sacré Cœur direction Bastille. Il est 11h, au son de « On lâche rien », les manifestants attendent que « plus de monde arrive » pour partir. #Acte53 pic.twitter.com/QJvVBbCjlf
— Cécile Bouanchaud (@CBouanchaud) November 16, 2019
Em declarações ao Le Monde, Priscillia Ludosky uma das figuras do movimento afirmou que a partir das 14 horas estão previstas as maiores manifestações, com os coletes amarelos a tentar ligar a praça de Itália a Franz-Listz.
Ça c'etait une banque #GiletsJaunes à place d'italie pic.twitter.com/OE3SGiQ6ub
— Florian Laluque (@flobbfr) November 16, 2019
Cancelada concentração na praça de Itália
Os confrontos entre a polícia e os coletes amarelos e o aumento da tensão na zona da praça de Itália levou a que a polícia de Paris decidisse anular a ordem de autorização da concentração de manifestantes na praia.
Apesar dos acontecimentos terem levado ao cancelamento da concentração, em conferência de imprensa, o chefe da polícia parisiense Didier Lallement afirmou que “estão serenos”. “Estamos determinados, mas serenos. A situação está sob o nosso controlo. O dia está a desenrolar-se conforme tínhamos antecipado”, disse o responsável.
Monumento ao Marechal Juin destruído
Partes do monumento em honra do marechal francês Alphonse Juin, um histórico comandante das forças armadas francesas durante a Quarta República, num contexto internacional muito conturbado do pós Segunda Guerra Mundial.
As partes em pedra do monumento foram arrancadas pelos coletes amarelos para serem depois arremessadas às forças policiais, bombeiros e a edifícios nas proximidades.
Une partie du monument dédié au Maréchal Juin a été dégradée pour servir de projectiles #giletsjaunes #acte53 pic.twitter.com/xbP5JsFByX
— Marc Bettinelli (@MarcBettinelli) November 16, 2019
Também em Lyon já há notícia de confrontos entre os manifestantes e a polícia. Segundo o Le Figaro, um milhar de coletes amarelos concentraram-se em pleno centro da cidade de Lyon — ignorando a proibição de manifestações naquele local —, um ambiente tenso que rapidamente escalou até à utilização de gás lacrimogéneo.