O gelo marinho do Ártico corre o risco de desaparecer, por alguns períodos do ano, entre 2044 e 2067. A conclusão consta de uma investigação da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA) que foi publicada na revista Nature. Os autores do estudo estudaram 23 modelos de degelo sazonal, entre 1980 e 2015, e compararam com dados retirados da observação de imagens satélite daquela região.
Os dois cientistas, Chad W. Thackeray e Alex Hall, explicam que um dos fatores que faz com que sejam diferentes as previsões sobre os efeitos do aquecimento global no gelo do ártico é a forma como é ponderado um dado: o feedback do albedo. Esta não é mais do que a medida do efeito do reflexo da luz solar nas águas. Quanto menos o gelo, maior a superfície escura do oceano a absorver a luz solar, o que faz com que água aqueça acelerando o derretimento do gelo marinho.
“O desaparecimento do gelo reduz o albedo da superfície, levando a uma maior absorção solar da superfície, o que amplifica o aquecimento e impulsiona ainda mais o derretimento. Esse feedback do albedo de gelo marinho é um fator-chave das alterações climáticas do Ártico e uma importante fonte de incerteza nas projeções de modelos climáticos“, explicam no estudo onde escolheram os modelos de estudo mais realistas, onde mais pesam os efeitos do albedo, e os que ser verificaram mais fiáveis.
Há um ano, a União Geofísica Americana juntou imagens (em time lapse) desde 1984 (ano em que as observações por satélite se tornaram mais confiáveis) e foi possível perceber o agravamento deste fenómeno ao longo das últimas décadas, com a superfície de gelo marinho a encolher e também o gelo a ficar mais fino.
Agora, o novo estudo da UCLA veio calcular datas mais precisas sobre o desaparecimento do gelo do Oceano Ártico, que poderá não ter gelo em algumas épocas do ano (setembro, por exemplo, é um mês onde tradicionalmente há menos gelo marinho naquela região) algures entre os anos 2044 e 2067, daqui a 25 a 48 anos.