Basílio Horta, presidente da Câmara de Sintra, eleito pelos socialistas, considera que o PS de António Costa está a fazer uma geringonça “atrás da cortina” com os partidos à sua esquerda e o PAN, arriscando-se a “perder o centro”. “[O PS] não pode dar a entender ao país que, estruturalmente, a vocação do PS é ter uma aliança permanente, estrutural, com a extrema-esquerda. Nesse momento, o PS perde o centro”, disse, em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias.

Para o autarca, “há aqui um problema que é um pouco ético – não se pode dizer que a geringonça não existe e depois fazê-la atrás da cortina”. O PS de António Costa tem, assim, “de falar com todos” e “para todos”, designadamente com o PSD.

O PSD tem problemas internos gravíssimos e está numa situação complicada, mas o PSD é um partido fundador da democracia, é um grande partido nacional”, defende Basílio Horta. Não falar com os sociais-democratas seria “imitar o pior que o PSD tem, que é não querer falar com o PS“.

Sobre a atual situação no CDS, partido que ajudou a fundar e que decide a liderança em janeiro, Basílio Horta diz olhar “com tristeza o que está a acontecer com o partido”. “Vejo com muita preocupação o futuro do CDS”, adianta. E atira: “Não sei se [o CDS] já não desapareceu.

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Acho que o CDS hoje está numa situação de tal maneira grave, que tudo aquilo que diz, todas as posições que assume, são tudo posições déjà vu, são tudo posições que não têm impacto na sociedade. O partido perdeu a independência e um partido quando perde a independência deixa de ter razão de ser.”

O CDS, considera, cometeu o erro da “indefinição ideológica”, e Assunção Cristas “ficou presa ao passado, refugiou-se a um canto, dizendo que não falava com o PS. Cortou as amarras todas com o PS, só falava com o PSD”.

“Acho que o único espaço político que sobra para o CDS é agarrar-se ao PSD e fazer uma maioria de direita, mas perdendo uma grande parte da sua autonomia, julgo eu, e da sua utilidade”, defendeu ainda.