Basmah bint Saud, 55 anos e mãe de cinco filhos, é conhecida por defender ativamente os direitos humanos e a democracia na Arábia Saudita. Em dezembro do ano passado, tentou sair do país, rumo à Suíça para obter um tratamento médico “urgente”, mas o avião nem chegou a descolar. Desde março que nada se sabia sobre o seu paradeiro mas, segundo a estação televisiva Deutsche Welle (DW), a princesa estará refém em casa, no país, desde março.

A mais nova de 115 filhos do antigo rei Saud bin Abdulaziz Al Saud — que reinou o país entre 1953 e 1964 — várias vezes expressou críticas à repressão no país, o que nunca foi bem visto dentro da família real.

Temos ministros que são incapazes de fazer o que lhes foi ordenado, porque não há consequências. Se fores um homem pobre e roubares, cortam-te a mão após três delitos. Mas se fores um homem rico, ninguém dirá nada”, disse num entrevista em 2012.

Nos anos 80, estudou medicina, psicologia e literatura inglesa, em Beirut, no Líbano. Foi jornalista e chegou a fundar uma empresa de media em 2008. Agora, as suas comunicações estarão a ser monitorizadas, conta a DW.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Depois do divórcio, foi viver para Londres em 2010, onde não se absteve de criticar a corrupção no país de origem. Voltou à Arábia Saudita em 2015.

Princesa Basmah nos prémios Trumpet Awards em janeiro de 2016

“Continuo a ser uma cidadã obediente e estarei sempre do lado da família real. Mas nunca me calarei sobre o que está a acontecer”, disse a princesa na mesma entrevista de 2012.

No final do ano passado, Basmah tentou sair do pais rumo à Suíça. Segunda a DW, a princesa estaria autorizada a viajar para receber um “tratamento médico urgente”. Só que, por suspeitas de que iria fugir do país por questões políticas, o seu avião não foi autorizado a descolar. Terá sido a escala na Turquia, país com o qual a Arábia Saudita não tem relações pacíficas, a levantar suspeitas.

Em março, a princesa desapareceu, denunciou na altura o advogado norte-americano que organizou a viagem para a Suíça, Leonard Bennet. “Ninguém sabe onde está e tememos o pior”, adiantou. Após várias tentativas de contacto, Bennet conseguiu falar com Basmah, mas a sua voz “soava à de uma refém”. Na rede social Twitter deixou de publicar durante um período no final de fevereiro. Até ao início de julho foram publicadas várias mensagens religiosas, mas desde então, não houve mais publicações.

“Algumas fonte dizem que o líder da Arábia Saudita não saberá do seu paradeiro, mas discordo — ele sabe. Por isso, queremos saber o que acha disto. Por que razão está a ela detida?”, diz à DW uma fonte ligada à família real.