As contas do caso Tutti-Frutti foram entregues a Edígio Cardoso, antigo diretor da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística (UPFC) da Polícia Judiciária, reformado há mais de um ano, avança o Jornal de Notícias. Para justificar a delegação do caso a um perito, agora independente, o Ministério Público (MP) alegou atrasos na investigação.

A investigação do caso Tutti-Frutti iniciou-se em 2017, na tentativa de desmantelar uma teia de alegados crimes de corrupção, e tráfico de influência que envolvem personalidades do PS e do PSD. No final de 2018, quando Edígio Cardoso estava prestes a reformar-se, as perícias ainda não tinham sido entregues a nenhum especialista da UPFC. O caso acabou por ficar a cargo de um especialista superior da PJ, que, por ordem do MP, teve de o entregar a Cardoso.

A Procuradoria Geral da República recusou-se a acrescentar informações, mas, ao JN adiantou que o MP tomou “as medidas adequadas e previstas na lei para salvaguardar o melhor andamento dos processos e os interesses da investigação”. A Direção-Geral da PJ não comentou o afastamento do caso, mas garantiu que “a UFCP melhorou substancialmente de 2018 para 2019 em termos de organização e redução de tempo de resposta”, ainda que necessite de um reforço dos meios humanos.

Segundo um trabalho do Observador publicado a 27 de junho de 2018, no centro da Operação Tutti Frutti estão contratos adjudicados por três juntas de freguesia lideradas pelo PSD a empresas de militantes sociais-democratas, em montantes superiores a 1 milhão de euros.

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Como os caciques do PSD estão a ser investigados na Operação Tutti Frutti

Os investigadores da Operação Tutti Frutti detetaram fluxos financeiros entre algumas empresas de militantes do PSD e a campanha eleitoral autárquica dos sociais-democratas em Lisboa. Isto poderá constituir um crime de financiamento proibido, por não respeitar as regras de financiamento partidário, que é, há muitos anos, essencialmente público.

Luís Newton, presidente da Junta de Freguesia da Estrela, e Carlos Eduardo Reis, dono de uma sociedade de Barcelos que lucrou com tais adjudicações, são os principais suspeitos do caso por corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio. Sérgio Azevedo, ex-deputado do PSD, foi constituído arguido em novembro de 2018, depois de terem sido encontrados emails comprometedores que terá dado instruções detalhadas a empresários amigos sobre como podiam assinar contratos por uma das juntas de freguesia de Lisboa.

Texto alterado às 10h58