Em Portugal, não há doentes infetados com coronavírus, mas os três hospitais (Hospitais Curry Cabral e Dona Estefânia, em Lisboa, e o Hospital de S. João, no Porto) preparados para receber doentes contagiados têm ordens para isolar os casos suspeitos de infeção. Os doentes serão isolados até serem conhecidos os resultados das análises. O procedimento é habitual em casos de infeções contagiosas com graus de disseminação elevados.
Carlos Lima Alves, coordenador da unidade de prevenção e controlo de infeção do Hospital de S. João, no Porto, garantiu ao Observador que é esta a norma de atuação a ser estudada pela Direção Geral de Saúde em colaboração com os três hospitais de referência em Portugal, aptos a receberem doentes contagiados.
“Logo na urgência, serão encaminhados para uma sala de isolamento e, caso se venha a confirmar que são suspeitos, serão encaminhados para uma área do internamento específica”, garante o especialista em infecciologia e medicina intensiva.
Depois de feitos exames e posteriormente enviadas amostras para o Instituto Ricardo Jorge, em Lisboa, se o resultado for positivo, mantém-se as medidas de isolamento e de controlo de infeção enquanto o doente recebe tratamento.
Que doentes poderão ser considerados suspeitos? Doentes que tenham viajado da China há 14 ou menos dias e apresentem febre, tosse e dificuldades respiratórias serão considerados suspeitos.
O Hospital de São João, um hospital de referência para emergências com doenças infecciosas, tem um circuito “sempre preparado para situações deste género”, garante Carlos Lima Alves, para casos em que “existe um risco de contagiosidade importante e em que queremos conter a disseminação” do vírus.
O circuito é o mesmo que o hospital detém, por exemplo, para os casos de ébola, para os quais nunca deixou de estar preparado.
O especialista em doenças infecciosas, Carlos Lima Alves, considera que Portugal deveria equacionar “com alguma urgência” a preparação de uma estrutura “mais profissionalizada e desenvolvida em termos físicos” do que temos presencialmente, já que “daqui por um ano ou dois anos teremos, seguramente, outras ameaças”, assegura.
Caso haja contágio, como serão tratados os doentes? Não há, ainda, antivíricos que “ataquem” diretamente o coronavírus. Nenhum medicamento específico para este vírus foi já testado e é passível de ser utilizado no ser humano, o que se repete com muitos outros vírus conhecidos.
“Neste momento, o tratamento para estes doentes é de suporte: fazer baixar a febre quando há febre, dar líquidos se o doente estiver a desidratar, dar oxigénio se ele precisar, dando tempo ao organismo para responder por ele e eliminar a infeção”, explica Carlos Lima Alves.
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Deste vírus eclodido em Wuhan, cidade chinesa, e sobre o impacto que pode ter na saúde mundial, “ainda há um verdadeiro desconhecimento”, comenta o coordenador da unidade de prevenção e controlo de infeção do Hospital de S. João, no Porto.
“Há casos graves, mas a maior parte das pessoas que são contagiadas por este coronavírus não têm doença grave. É por isso que se compreende esta disseminação tão rápida a que estamos a assistir e, apesar de tudo, o número de mortos não é tão elevado assim. Para já, não é, de facto, um vírus com letalidade muito elevada”, garante Carlos Lima Alves.
Não é possível para já chegar-se a conclusões seguras, alerta o especialista, devido à distância e à rapidez com que se têm desenvolvendo novos casos de contágio.