A China elevou esta terça-feira para 106 o número de mortos causados pelo coronavírus detetado em Wuhan, tendo sido detetados quase 1.300 novos casos, o que aumenta o balanço para mais de quatro mil infetados.
Depois de França, a Alemanha torna-se o segundo país europeu a detetar um doente contagiado com o novo coronavírus. A informação foi confirmada pelo ministro da saúde alemão, citado pela AFP. A juntar aos três casos de pessoas contagiadas em França, sobe assim para quatro o número de europeus contagiados com esta nova estirpe.
Um homem da região de Starnberg foi infetado com o novo coronavírus” e “está sob vigilância médica e em isolamento”, informou um porta-voz do ministério em comunicado.
O paciente está “clinicamente em boas condições”, adiantou o porta-voz sem dar detalhes. Os familiares do doente foram informados dos sintomas que podem aparecer em caso da doença, assim como das precauções relativas à higiene que devem tomar.
O ministério não deu nenhuma indicação sobre quem é o doente ou as circunstâncias em que poderá ter sido infetado pelo coronavírus.
Foi registada a primeira morte em Pequim, capital da China, devido ao novo coronavírus, avança a AFP. O número de mortos aumentou para 106. As autoridades de saúde da província central de Hubei, onde a epidemia começou, disseram que o vírus matou mais 24 pessoas e infetou 1.291.
O governo chinês prolongou o feriado do Ano Novo Lunar e várias empresas fecharam ou pediram aos trabalhadores para trabalharem a partir de casa.
O número de pessoas contagiadas em todo o mundo já ultrapassou os quatro mil. Em todo o território chinês existem agora mais de 4,515 casos confirmados. Segundo a CNN, há 62 casos confirmados de coronavírus em 17 localidades fora da China. O vírus já chegou também à Europa: em França, foram registados três casos e na Alemanha, foi detetado um caso. Também foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Austrália e Canadá.
O presidente do Governo de Wuhan reconheceu entretanto que a informação não foi divulgada de forma suficientemente rápida. “Não divulgámos informações no devido tempo”, disse Zhou Xianwang em entrevista à televisão estatal CCTV, citada pelo The Guardian, fazendo uso de uma máscara facial. O presidente admitiu renunciar ao cargo, mas lembrou que os governos locais são obrigados a pedir autorização à Comissão Nacional de Saúde chinesa, antes de divulgar totalmente informações sobre o vírus — o que dificultou a sua ação.
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Infetados podem transmitir a doença durante o período de incubação. 49 superaram infeção
Este domingo, o ministro da Saúde chinês, Ma Xiaowei, avançou mais dados sobre o vírus: os infetados podem transmitir a doença durante o período de incubação, que demora entre um dia e duas semanas. Durante aquele período, os infetados não revelam sintomas, o que anula o efeito das medidas de rastreio, como medição de temperatura nos aeroportos ou estações de comboio. Os sintomas incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias.
Como afirmou à CNN William Schaffner, conselheiro da agência para a saúde dos EUA, esta informação “muda tudo”. Segundo Schaffner, este dado faz com que seja preciso “reavaliar toda a estratégia” para conter-se a doença.
Esta segunda-feira, a Comissão Nacional de Saúde chinesa avançou que 324 pacientes estão em estado grave. Pelo contrário, 49 pessoas conseguiram superar a infeção com sucesso e receberam alta hospitalar. Em Pequim, uma bebé de nove meses também contraiu o vírus, segundo as autoridades de saúde municipais. Trata-se do doente mais novo a ser identificado até ao momento.
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A dispersão do vírus pode aumentar nos próximos dias porque milhões de pessoas estão a viajar dentro da China e daí para outros países, no âmbito das celebrações do Ano Novo que inaugura o calendário lunar. As festividades começaram no sábado, mas o Governo decidiu prolongar o período de férias do Ano Novo Lunar, que deveria terminar na quinta-feira, para tentar limitar a movimentação da população.
Para conter o problema, o governo colocou os 11 milhões de residentes em Wuhan de quarentena e suspendeu a circulação de transportes para dentro e para fora da cidade. A circulação de veículos não essenciais está proibida desde as 00h00 de sábado em Wuhan.
Todos os viajantes que sejam identificados com sintomas de pneumonia serão “imediatamente transportados” para um centro médico, anunciou a CNS em comunicado citada pela agência de notícias francesa France Press. Além disso, a China tem enviado mensagens aos cidadãos pedindo-lhes que permaneçam em casa o mais que puderem e que façam deslocações à rua apenas quando for estritamente necessário. Nesses casos, é aconselhável a utilização de máscaras que tapem o nariz e a boca; e desinfetantes para as mãos. O presidente chinês Xi Jinping referiu-se no sábado à epidemia de coronavírus como uma situação “muito séria”.
O novo coronavírus foi detetado na cidade chinesa de Wuhan (centro) no final de 2019. A maioria das pessoas infetadas encontram-se no território continental da China.
5 casos confirmados nos EUA. Portugal admite retirar portugueses de Wuhan
Os Centros de Controlo de Prevenção de Doenças (CDC) nos EUA confirmaram os cinco casos de infeção por coronavírus. “Esperamos que haja mais casos”, indicou Nancy Messonnier, responsável dos CDC na área das doenças respiratórias numa conferência de imprensa por telefone com os jornalistas. A mesma responsável disse que estão em curso análises a amostras recolhidas em mais de 100 pacientes, em 26 Estados norte-americanos.
As cinco pessoas contaminadas pelo vírus estão na Califórnia, Arizona, Illinois e no Estado de Washington. Todas elas estão hospitalizadas. O risco de contágio é “fraco”, acrescentou Nancy Messonnier, precisando que todos os contagiados tinham “vindo recentemente de Wuhan”. Um viajante proveniente de Wuhan também foi considerado no domingo como o primeiro caso confirmado de coronavírus no Canadá.
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Em Portugal, não se confirmou a infeção de um homem que apresentava suspeitas e que foi hospitalizado no sábado, em Lisboa, depois de ter regressado de Wuhan. Quanto às duas dezenas de portugueses que estão na zona afetada, Lisboa admite retirá-las para Portugal, mas não esclareceu ainda o modo como irá proceder.
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A diretora-geral da Saúde disse na segunda-feira que os portugueses a viver em Wuhan “estão saudáveis” e estão previstos protocolos de saúde para uma eventual retirada desses cidadãos. Ainda assim, Graça Freitas explicou que, “como eles vêm do epicentro da doença”, à chegada a Portugal será feita uma “pequena história clínica, para perceber se estiveram em contacto com doentes” infetados com o novo coronavírus ou se estiveram em contacto com animais.
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França anuncia que vai buscar cidadãos franceses a Wuhan
A ministra da Saúde de França, Agnès Buzyn, anunciou no domingo que o país vai buscar os cidadãos franceses que estejam na cidade de Wuhan “em meados da próxima [esta] semana”. A operação pode envolver centenas de profissionais franceses.
“O primeiro-ministro decidiu responder aos franceses em Wuhan e aos seus pedidos para regressarem. A nossa equipa no consulado está em contacto com os cidadãos. Todos os que desejarem regressar vão poder fazê-lo”, disse Buzyn. O transporte será feito através de um voo direto de Wuhan. Quem regressar será monitorizado num único local durante 14 dias para evitar a propagação do vírus.
Investigadores de Hong Kong dizem que número de casos é superior a 40 mil
Investigadores de Hong Kong disseram esta segunda-feira que modelos matemáticos estimam que o número de casos do novo coronavírus (2019-nCoV) seja superior 40.000 e que os Governos devem adotar medidas severas para restringir os movimentos populacionais.
Os cientistas da Universidade de Hong Kong (HKU) alertaram para uma disseminação acelerada do coronavírus, que já matou oficialmente 81 pessoas na China e infetou outras 2.744 pessoas. O número de casos suspeitos dobrou no espaço de 24 horas, para quase 6.000.
“Precisamos preparar-nos para o facto de que esse surto em particular estar a tornar-se numa epidemia global”, disse Gabriel Leung, líder da equipa de investigação da HKU.
Medidas importantes e draconianas para limitar os movimentos populacionais devem ser tomadas o mais rápido possível”, sublinhou o investigador.
Ma Xiaowei, responsável da Comissão Nacional de Saúde (CNS), que é considerado um ministério na China, disse no domingo que o novo vírus tem um período de incubação de até duas semanas e que o contágio é possível durante o período de incubação, isto é, antes mesmo que os sintomas apareçam.
Com base em modelos matemáticos da disseminação do vírus, a equipa de Leung argumentou que o número real de infeções era muito maior do que a avaliação das autoridades, que só leva em conta os casos formalmente identificados.
Esperava-se que o número de casos confirmados com sintomas estivesse entre 25.000 e 26.000 no Ano Novo chinês (que se comemorou no sábado)”, disse esta segunda-feira Leung numa conferência de imprensa em Hong Kong, com base nas curvas teóricas.
Ao incluir pessoas que estão no período de incubação e que ainda não apresentam sintomas, “o número chegou a 44.000″ a partir de sábado, referiu o investigador. Gabriel Leung acrescentou que o número de infeções pode dobrar a cada seis dias, atingindo um pico em abril e maio em áreas que já enfrentam uma epidemia, embora reconheça que medidas eficazes de saúde pública possam reduzir a taxa de contágio.
O epicentro da doença continua a ser em Wuhan e na província de Hubei, mas também foram encontrados casos nas principais cidades do país, como Pequim, Xangai, Shenzhen e Cantão. “Esperamos ver essas outras grandes cidades como pontos quentes da epidemia”, disse o investigador.
Como essas cidades são centros regionais e internacionais de transporte, é “muito provável” que o vírus se espalhe mais longe desses novos surtos.
O vírus já foi detetado em uma dúzia de países, até na América do Norte e Europa, através de pessoas que chegaram de Wuhan. Num esforço para conter o vírus, o Governo chinês no sábado ampliou o cordão de saúde em torno de Wuhan, que agora inclui quase 20 cidades, com a consequência de isolar uma população de 56 milhões de pessoas.
Leung disse que o confinamento está “absolutamente correto”, ao mesmo tempo em que observou que essas medidas “podem não ser suficientes para mudar o curso da epidemia em outras grandes cidades”.
A equipa da Faculdade de Medicina da HKU é um dos centros colaboradores da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o controlo de doenças infecciosas.
A Mongólia, que partilha uma longa fronteira com a China, decidiu encerrar esta segunda-feira os pontos de travessia rodoviária com este país para evitar a propagação do novo coronavírus.